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O Comité de Supervisão da Câmara dos Representantes dos EUA divulgou hoje 33.295 páginas de documentos relacionados com o caso Jeffrey Epstein, avança a CNN. Os ficheiros incluem registos de voos, processos judiciais, imagens de videovigilância da prisão onde Epstein morreu, depoimentos e memorandos, mas não há avanços em relação à ligação a Trump.

A divulgação surge após uma intimação ao Departamento de Justiça (DOJ), que já tinha entregue anteriormente a gravação e a transcrição de uma entrevista a Ghislaine Maxwell, culpada de tráfico sexual e relacionada ao caso Epstein.

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Apesar da dimensão do material, vários democratas sublinham que a maioria já era pública. “Os 33.000 documentos de Epstein que James Comer decidiu divulgar eram já, em grande parte, informação pública. Ao povo americano: não se deixem enganar”, afirmou o deputado Robert Garcia.
Também o deputado Ro Khanna reforçou: “Apenas 3% dos documentos entregues ao Comité de Supervisão são novos. O resto já está no domínio público. Menos de 1% dos ficheiros foi divulgado. O DOJ está a bloquear.”

Entretanto, o republicano Thomas Massie forçou uma votação para obrigar à divulgação integral dos ficheiros, mas a vontade do parlamento não é unânime. O presidente do comité, James Comer, afirmou que pretende ser transparente, mas sem prejudicar as vítimas: “Queremos ter a certeza de que não fazemos nada que possa prejudicar ou pôr em risco quaisquer vítimas envolvidas nisto, mas vamos ser transparentes.”

Testemunhos “desoladores e revoltantes”

O tema ganhou ainda mais peso após uma reunião à porta fechada com seis vítimas de Epstein, descrita como “emocional e informativa”. A deputada republicana Nancy Mace saiu em lágrimas, e o presidente da Câmara, Mike Johnson, disse que os testemunhos foram “desoladores e revoltantes”.

Houve, contudo, críticas vindas da ala dos democratas. A deputada Melanie Stansbury acredita que “é significativo que, numa sala com seis vítimas de violência sexual por parte de Jeffrey Epstein, tenha sido sugerido pelos democratas que isto fosse investigado com toda a força de todos os comités do Congresso. E o presidente terminou a dizer que não achava necessário.”

Alguns republicanos, como Marjorie Taylor Greene, anunciaram que vão apoiar a iniciativa de revelar os documentos, sob o argumento de que “protege as vítimas e oferece a transparência que o país merece”.

Outros pediram a convocação de mais testemunhas, sublinhando que o governo continua a reter informação relevante. O democrata David Min afirmou: “Senti que aquele primeiro lote de documentos que recebemos foi completamente inútil e que estão a esconder muita informação neste momento.”

O que diz a Casa Branca sobre o envolvimento de Trump

A Casa Branca reagiu à revelação de que o nome de Donald Trump surge entre as centenas de menções nos documentos do DOJ, com reticências.

Segundo o Wall Street Journal, Trump foi informado em maio pela procuradora-geral Pam Bondi de que o seu nome constava dos ficheiros, embora isso não implicasse qualquer indício de ilegalidade. No entanto, Trump já tinha negado publicamente essa comunicação.

A reação dos deputados oficial foi imediata: o porta-voz Steven Cheung classificou a reportagem como “nada mais do que uma continuação das notícias falsas inventadas pelos democratas e pela imprensa liberal”, enquanto o diretor do FBI, Kash Patel, acrescentou que “a mídia de fake news tenta incansavelmente minar o presidente Trump com difamações e mentiras, e esta história não é diferente.”

Ainda assim, um funcionário da Casa Branca admitiu à Reuters, citada pela BCC, que não negavam a presença do nome de Trump nos ficheiros.

Os documentos, já parcialmente divulgados pelo DOJ meses antes, incluíam até contactos da família Trump. Durante a campanha presidencial, o próprio Trump prometera publicar todos os arquivos relacionados com Epstein, promessa ainda não cumprida, o que tem gerado frustração entre apoiantes.

Na quarta-feira (24/07), a juíza Robin Rosenberg, da Flórida, rejeitou o pedido do DOJ para divulgar os arquivos do grande júri de 2006 sobre Epstein, alegando sigilo legal. Em paralelo, uma subcomissão da Câmara votou pela intimação do DOJ para entregar os documentos.

Os democratas acusam o governo de encobrimento, enquanto republicanos divididos pressionam pela divulgação integral dos documentos. Um caso que se arrasta e parece não ter fim começa, agora, a obrigar os Estados Unidos a refletir sobre a responsabilização dos crimes sexuais.