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Porque é que há prémios milionários?

Segundo revelou o Expresso, com base em informações avançadas pelo jornal Público, a Lone Star vai encaixar cerca de 4,8 mil milhões de euros com a venda da sua posição no Novo Banco ao grupo francês BPCE. Depois de descontado o investimento inicial feito em 2017 e o custo do capital, estima-se que o lucro líquido da operação ronde os 2,2 mil milhões de euros.

Dessa fatia, metade (cerca de 1,1 mil milhões) será atribuída a prémios de desempenho para gestores. Entre os beneficiários estão John Grayken, fundador e presidente da Lone Star, e ex-gestores do Novo Banco, como António Ramalho, José Eduardo Bettencourt, Vítor Fernandes e Jorge Cardoso.

A Lone Star entrou no capital do Novo Banco com a expectativa de recuperação do investimento e valorização do ativo, e a venda agora concretizada superou essas metas.

A atribuição de prémios aos ex-gestores portugueses está a gerar polémica sobretudo por terem exercido funções enquanto o banco era apoiado com dinheiro público, através do Fundo de Resolução.

Contactado pelo Expresso, Vítor Fernandes admitiu que poderá vir a receber parte dos prémios, mas afirmou que "o valor ainda não está apurado".

O Estado, que detém os restantes 25% do capital do Novo Banco (através do Fundo de Resolução), ainda está a analisar o contrato de venda. Ao Expresso, o Ministério das Finanças indicou que está a rever o contrato assinado entre a Lone Star e o grupo BPCE, para garantir todos os direitos contratuais previstos no acordo parassocial assinado em dezembro de 2024.

Segundo o Ministério das Finanças, a análise visa a "salvaguarda contínua dos interesses do Estado Português".

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Quem está a comprar o Novo Banco?

O grupo francês Banque Populaire-Caisse d’Épargne (BPCE) já assinou contrato com a Lone Star para a compra de 75% do capital do Novo Banco. O Estado português mantém os 25% restantes. O grupo francês é um dos maiores em França, com uma forte presença na banca de investimento.

O presidente executivo do BPCE, Nicolas Namias, esteve recentemente em Lisboa para reuniões com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças. Em declarações ao Expresso, afirmou: “Temos muitas ambições para o Novo Banco. Estamos aqui para desenvolver o banco. É um investimento de longo prazo.”

Segundo Nicolas Namias, a aquisição do Novo Banco insere-se na estratégia europeia do grupo até 2030. O BPCE prevê reforçar o investimento em digitalização e inteligência artificial, e manter a atual equipa de gestão liderada por Mark Bourke, destacando a sua atuação no setor das PME.

Espera-se a conclusão do processo até março de 2026 , após a aprovação do Banco Central Europeu (BCE) e outras autoridades de supervisão. Durante este período, o Estado continua a avaliar os termos legais da operação.

Dúvidas e críticas à estratégia de remuneração

O Estado português injetou mais de 3 mil milhões de euros no Novo Banco desde 2017, através do Fundo de Resolução, suportado parcialmente por impostos dos contribuintes.

A atribuição de prémios milionários a gestores, alguns deles com funções executivas durante o período de reestruturação, está a levantar suspeitas de conflito de interesses.

A ausência de transparência na remuneração dos envolvidos e nos critérios de distribuição dos prémios está a ser fortemente criticada por partidos políticos e organizações da sociedade civil.

A venda do Novo Banco encerra uma longa etapa de instabilidade no setor bancário português, mas levanta sérias questões sobre justiça na repartição dos lucros, transparência na gestão de fundos públicos e o papel dos fundos estrangeiros em ativos estratégicos. O tema promete marcar a agenda política e mediática nos próximos meses, sobretudo quando forem conhecidos os montantes exatos dos prémios atribuídos.