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Naomi Osaka, questionada sobre o episódio após derrotar Hailey Baptiste, não escondeu a gravidade que atribui às declarações. A japonesa, ela própria símbolo de representatividade no ténis, sublinhou que chamar alguém “sem educação” é “uma das piores coisas que se pode dizer a uma jogadora de ténis negra num desporto maioritariamente branco”.
Para a tenista, o episódio foi ainda mais injusto por conhecer de perto a dedicação e inteligência de Taylor Townsend: “Ela é tudo menos uma pessoa sem educação. Trabalhou muito e merece respeito.”
Além disso, recordou ainda que Ostapenko já teve outros momentos polémicos no passado, mas considerou que, neste caso, “foi dito no pior momento e à pior pessoa possível”, acrescentando que duvida que a colega conheça o peso histórico desta expressão nos Estados Unidos.
A própria Jelena Ostapenko tentou justificar-se mais tarde, explicando que a sua irritação começou quando a adversária não pediu desculpa após beneficiar de um ponto com a ajuda da rede, um gesto de fair play habitual: “Pessoalmente, não me importo. Não seria algo que me deixasse zangada ao ponto de me afetar. Acho que depende de cada jogadora.”
Aryna Sabalenka, atual número 1 mundial, também saiu em defesa de Jelena Ostapenko, reconhecendo que a colega “é uma boa pessoa”, mas que por vezes “perde o controlo”. E acrescentou: “Espero que um dia consiga encontrar equilíbrio e reagir de outra forma.”
Apesar das justificações, a polémica já estava instalada. Jelena Ostapenko acabou mesmo por evitar a imprensa após ser eliminada na primeira ronda de pares, alegando razões médicas.
“Dislike ao racismo no desporto”
O episódio no US Open mostra como o racismo pode manifestar-se de forma subtil, através de expressões aparentemente banais mas que carregam um histórico de preconceito e exclusão. Acusar uma jogadora negra de “não ter educação” não é uma simples provocação, remete para estigmas raciais usados durante décadas para desvalorizar atletas afrodescendentes, colocando em causa a sua inteligência e dignidade.
Este caso reforça a importância de iniciativas como a brochura pedagógica “Dislike ao Racismo no Desporto”, lançada pelo IPDJ em parceria com a APVCD e a CICDR, que procura afirmar os valores do desporto como ferramenta de inclusão e de combate à discriminação.
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