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Numa altura em que todas as empresas tecnológicas procuram encontrar (e comunicar) o seu posicionamento em inteligência artificial, as keynotes anuais, em que partilham as suas principais novidades e lançamentos para os próximos meses, ganham uma importância especial.

A diferenciação entre os vários tipos de produtos nem sempre é percetível junto do grande público e estes eventos são uma oportunidade para comunicarem a atuais e potenciais clientes, bem como a uma comunidade global de developers, aquilo que podem esperar de uma empresa que impacta o futuro das suas organizações.

No caso da AWS (Amazon Web Services) esse é certamente o caso. Para os mais desatentos, a subsidiária da Amazon foi fundada em 2006 como uma das primeiras plataformas de cloud e, nas últimas décadas, tornou-se a líder a nível mundial.

Atualmente, de acordo com fontes dentro da empresa, já é um negócio que rende 132 mil milhões de dólares por ano e representa mais de 60% dos lucros de toda a Amazon, de acordo com os resultados do trimestre mais recente.

AWS re:Invent 2025
AWS re:Invent 2025 créditos: Photo Copyright Noah Berger

O papel em Inteligência Artificial

Como uma infraestrutura de cloud completa, nos últimos anos, a AWS fez fortes investimentos numa série de áreas que hoje são essenciais para o desenvolvimento de qualquer produto de Inteligência Artificial (IA): os servidores que correm modelos, os chips que potenciam esses servidores, plataformas de desenvolvimento de Large Language Models, os seus próprios modelos, várias funcionalidades de segurança e muito mais.

Por essa razão, o seu evento anual re:Invent, que junta esta semana no The Venetian, em Las Vegas, mais de 60 mil pessoas, é uma ocasião especial para conhecer o seu roadmap e verificar como é que as tendências do setor tecnológico estão a impactar a estratégia. Esta terça-feira, o CEO Matt Garman subiu a palco e revelou que além das outras frentes já mencionadas, a grande aposta da empresa seriam ferramentas de agentes IA, tanto para o desenvolvimento destas tecnologias, como na integração em alguns dos serviços já conhecidos da plataforma.

Estas foram as principais novidades:

Reduzir as “dívidas tecnológicas”

De acordo com a AWS, 30% do tempo das equipas é gasto na modernização das suas plataformas, um conceito conhecido com “Tech Debt” (dívida tecnológica). Por isso, desenvolveu um novo serviço, o AWS Transform Custom, que consiste num agente que consegue olhar para as linhas de código que empresas têm nas suas plataformas tecnológicas e automaticamente fazer a migração para a melhor solução disponível entre uma série de linguagens de programação.

Alguns do principais case studies partilhados são a companhia aérea Air Canada e grupo de informação Thomson Reuters, que viram reduções superiores a 50% na sua “tech debt”.

Criação de fábricas de inteligência artificial

Um dos desafios que várias organizações enfrentam é integrar uma infraestrutura de IA externa nos seus próprios data centers, sejam grandes tecnológicas, sejam governos, por exemplo. A pensar nisso, a AWS criou as AWS AI Factories, em parceria com a NVIDIA, que juntam o poder de computação da empresa mais valiosa do mundo, com as suas plataformas de IA, para criar uma plataforma preparada para projetos de grande escala com vários requisitos de segurança e estabilidade.

Uma das principais aplicações está a ser desenvolvida com a Humain, a tecnológica sediada na Arábia Saudita, que se quer tornar uma referência em IA no Médio Oriente.

AWS re:Invent 2025
AWS re:Invent 2025 créditos: Créditos: AWS

Um novo modelo e um novo chip

Um dos eixos da estratégia de inteligência artificial da AWS tem sido a criação de plataformas que permitem que qualquer utilizador utilize a solução que lhes é mais conveniente, seja da empresa seja de outro fornecedor. Um dos exemplos disto, tem sido a plataforma Amazon Bedrock, uma ferramenta que permite que utilizadores utilizem modelos da Anthropic, da Google ou da francesa Mistral, para criar os seus produtos dentro do ecossistema AWS.

No entanto, a empresa também tem investido nas suas próprias soluções, tanto do lado dos modelos, com a família Amazon Nova, como no lado dos chips que os potenciam, os Trainium. Nos primeiros, a grande novidade foi o Omni, o primeiro modelo capaz de interpretar texto, imagem, vídeo e áudio e retornar resultados em texto e imagem. Já está a ser utilizado pelas equipas de marketing de várias organizações para trabalhar e melhorar as suas campanhas, por exemplo. Nos segundos, o destaque foi para o Trainium 3o chip desenvolvido pela AWS, implementado nos seus servidores, que já está a apresentar vários ganhos de produtividade face aos restantes do setor.

Construir agentes por “blocos”

Construir um agente não é o mesmo que montar um lego ou um móvel do IKEA, mas a AWS pensou numa plataforma, a Amazon Bedrock AgentCore, onde fosse fácil para qualquer developer, seguir uma espécie de checklist com os diferentes requisitos que são necessários seguir, do modelo que é utilizado, aos resultados que devem ser obtidos. No entanto, um dos desafios no desenvolvimento de agentes tem sido a criação de balizas sobre o que podem ou não fazer em determinados contextos e nesta edição do re:Invent, a AWS apresentou três novos elementos: o “Policy”, para organizações poderem criar as balizas;  o “Evaluations”, para avaliar continuamente a performance do agente e melhorá-la; e o “Memory”, para relemebrar interações passadas e aplicar a experiência em cenários semelhantes futuros. 

Agentes são melhor do que “vibecoding”

Uma das grandes novidades da conferência da AWS foi a apresentação da primeira gama dos seus “frontier models”. São uma nova classe de três agentes que podem trabalhar de forma autónoma e escalável, durante várias horas, sem um humano ter de estar constantemente a intervir.

“Kiro Autonomous Agent” pretende ser um passo à frente das plataformas de vibecoding, ao permitir que seja o agente a fazer as correções nas diferentes iterações e não o utilizador a ter de as requisitar. O “AWS Security Agent” atua como polícia de todo o processo de desenvolvimento, utilizando indicações iniciais dadas inicialmente pelo utilizador, para identificar vulnerabilidades e propor caminhos de ação. O “AWS DevOps Agent” atua como uma espécie de supervisor do dia-a-dia de diferentes plataformas, fazendo triagem e propondo constantes melhorias na sua estrutura.

O 24notícias e o The Next Big Idea estão presentes na edição de 2025 do re:Invent a convite da Amazon Web Services.

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