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A sua moção estratégica, intitulada “A liberdade que nos une”, propõe uma visão de unidade em torno dos valores da liberdade económica e civil, enfatizando a necessidade de reduzir a intervenção do Estado e promover a desburocratização, com um programa político orientado para o crescimento sustentável do partido.
No entanto, a sua trajetória profissional anterior tornou-se fonte de polémica e críticas internas e externas, nomeadamente devido ao seu trabalho como consultora estratégica para a Sonangol, a gigante petrolífera angolana, revelado pelo Observador. A ligação de Mariana Leitão à Sonangol foi duramente contestada por vários críticos dentro e fora da Iniciativa Liberal, que apontaram para a incompatibilidade entre a defesa da liberdade e transparência que o partido pretende e o envolvimento numa empresa que tem sido associada a práticas controversas e à opacidade do regime angolano. Para esses críticos, como mostra o Expresso, o passado profissional de Mariana representa um conflito ético e político, levantando dúvidas sobre a coerência da sua liderança e sobre a verdadeira prioridade que dá à transparência e à ética política.
Os opositores internos à sua liderança argumentam que o trabalho para a Sonangol a descredibiliza perante o eleitorado liberal e dificulta a construção de uma imagem sólida e coerente do partido. Além disso, temem que a polémica possa aprofundar as divisões já existentes no partido, enfraquecendo a sua capacidade de crescimento e o seu apelo público.
Por outro lado, Mariana defende que a sua experiência na Sonangol se limitou a funções técnicas e de consultoria, sem qualquer envolvimento nas decisões políticas controversas da empresa. Sustenta ainda que essa experiência lhe trouxe uma visão pragmática e competências essenciais para a liderança, e que a polémica tem sido desproporcionada, resultado de preconceitos internos e tentativas de minar a sua legitimidade. Apela à necessidade de superar estas tensões e reforçar a unidade em torno dos valores liberais que o partido deve defender.
No contexto do debate interno da Iniciativa Liberal, Mariana Leitão procura posicionar-se como uma líder capaz de unir as várias facções do partido, ao mesmo tempo que projeta uma imagem de modernidade e pragmatismo político. O desafio que enfrenta é significativo: terá de gerir as críticas à sua trajetória profissional, consolidar o apoio dentro do partido e restabelecer a confiança do eleitorado liberal, mostrando que o seu compromisso com a liberdade e a transparência é genuíno e capaz de orientar o futuro da Iniciativa Liberal.
O que disse hoje na Concenção?
Mariana Leitão critica a chamada "direita do caos", acusando-a de ser coletivista, estatista e paternalista, comparando-a a um “novo socialismo à direita”. Afirma que este grupo, representado pelo Chega (sem o mencionar diretamente), não defende a soberania individual nem reformas para Portugal, antes tenta controlar a forma como as pessoas vivem.
Leitão recorda o percurso do partido e a sua entrada na Assembleia da República, destacando que em 2024 se abriu uma oportunidade para a IL se afirmar como uma alternativa reformista, embora admita que o partido ainda não tem condições para governar. Critica tanto a esquerda radical — que pagou pela sua prepotência — como a esquerda moderada, que carrega um legado de desgoverno e negligência.
Quanto ao futuro, rejeita que a IL seja apenas um “figurante” no sistema político atual, sobretudo perante o Governo da Aliança Democrática (AD), e quer que o partido se empenhe nas eleições autárquicas para mostrar que uma gestão liberal é possível, rigorosa, transparente e que coloca os cidadãos à frente dos interesses instalados. Defende que os candidatos da IL nas autarquias sejam agentes de mudança e não simples gestores.
No plano interno, Mariana Leitão apela a um partido mais coeso, ideológico e convicto, que não tenha medo de defender a dignidade do indivíduo, o mercado livre, a coragem de empreender e a autonomia pessoal. Defende que a IL deve ser radical na defesa da liberdade individual, da autonomia e da responsabilidade pessoal, rejeitando o autoritarismo e o conformismo.
Termina por afirmar que a IL vai esperar para ver se o atual Governo tem coragem para avançar com reformas, prometendo que qualquer erro do Governo será devidamente assinalado pela IL.
No plano político
Mariana Leitão foi eleita numa altura em que a Iniciativa Liberal enfrentava profundas divisões internas, entre correntes ideológicas distintas que variavam desde um liberalismo mais pragmático até posicionamentos ideológicos mais rigorosos. A sua moção estratégica, intitulada “A liberdade que nos une”, procura justamente superar essas divergências ao afirmar a liberdade como o princípio central e elemento aglutinador do partido. Para Mariana Leitão, a defesa da liberdade — tanto na dimensão económica como nas liberdades civis — é o que deve unir militantes e simpatizantes, permitindo assim fortalecer o partido num momento crucial para a sua consolidação e crescimento eleitoral.
A sua liderança procura construir pontes internas, adotando um discurso que apela à união em torno dos valores liberais essenciais. Mariana Leitão defende que, para a Iniciativa Liberal se afirmar como uma força política credível e competitiva, é necessário apresentar uma mensagem política clara e coerente, que não se perca em ambiguidades nem ceda ao oportunismo. O seu projeto assenta na convicção de que a liberdade individual deve ser o eixo principal da ação política do partido, o que implica uma aposta no reforço das liberdades económicas, com redução do peso do Estado, desburocratização e menor carga fiscal, aliada à proteção das liberdades civis.
Ao mesmo tempo, Mariana Leitão é consciente dos desafios práticos da expansão política da IL e sublinha a importância de fortalecer a base militante e ampliar o eleitorado, visando transformar o partido numa alternativa consistente e capaz de influenciar o panorama político português. O seu discurso estratégico enfatiza que o futuro da Iniciativa Liberal depende não só de uma mensagem clara, mas também de uma organização interna coesa e de uma proposta política que responda às necessidades e aspirações dos cidadãos, especialmente das gerações mais jovens e dos profissionais liberais.
Procura consolidar a identidade do partido, unindo os seus diversos setores à volta do valor da liberdade, e projetá-lo para uma fase de crescimento sustentado, com um programa político que combine rigor ideológico com capacidade de adaptação às realidades sociais e eleitorais.
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