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Em declarações à agência Lusa, quer o professor na NOVA School of Law de Lisboa, Felipe Pathé Duarte, quer o vice-presidente do Observatório do Mundo Islâmico (OMI), João Henriques, sustentaram que o bloqueio a Gaza não desaparecerá automaticamente.

"Israel já disse que a guerra não vai parar apenas por causa do reconhecimento, uma vez que deixou muito claro que não aceita imposições externas sobre o Estatuto da Palestina", pelo que, a haver impacto será sempre "simbólico" no imediato, sustentou Pathé Duarte.

"O potencial reconhecimento não vai mudar no imediato a ocupação israelita da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. Na prática, isso vai continuar. O bloqueio de Gaza não vai desaparecer automaticamente. O Hamas vai continuar a controlar Gaza, o que vai criar um problema complicado, nomeadamente em termos de dois tipos de autoridade, porque temos o caso na Cisjordânia, nas mãos da Fatah, da Autoridade Palestiniana, e, no caso de Gaza, o Hamas. Portanto, a ONU não reconhece o Hamas como um governo legítimo", justificou o analista de politica internacional.

Segundo Pathé Duarte, um reconhecimento da Palestina como Estado fará com que se deixe de ver apenas o povo palestiniano sob ocupação e passar a tratá-lo como um país soberano, com direitos e deveres iguais aos de qualquer outro, sobretudo o reconhecimento diplomático e jurídico-político.

"O reconhecimento é, sem grande margem para ilusões, simbólico, já que a ocupação e a violência de que é alvo a população palestiniana marcarão o seu dia-a-dia por tempo ainda não definido", sublinhou, por sua vez, João Henriques, argumentando com o "permanente desrespeito de Israel por todas as decisões que contrariam a sua caminhada pela expansão territorial".

Por outro lado, para o professor na NOVA School of Law de Lisboa, João Henriques, na perspetiva do governo de Benjamim Netanyahu, enquanto o Hamas continuar a existir "há de ser sempre visto como uma ameaça existencial a Israel, ou uma potencial ameaça existencial a Israel".

"Qualquer solução de dois Estados que eventualmente Telavive aceite, nunca será com a possibilidade de existência do Hamas. E é o que está a acontecer. Israel vai acentuar a invasão na tentativa de eliminar completamente o Hamas. E só depois daí, eventualmente, é que poderá considerar a possibilidade negocial dos Estados", disse.

A este respeito, João Henrique salientou que, independentemente do reconhecimento do Estado de Israel por mais países, as Forças de Defesa de Israel (FDI) "vão acentuar a invasão na tentativa de eliminar o Hamas", o que será "difícil".

"O Hamas tem ainda cerca de 10.000 efetivos prontos para combater, muitos deles jovens, pois as primeiras figuras foram eliminadas", referiu, sublinhando que o movimento islamita "nunca irá deixar de confrontar Israel" e que "eliminará os reféns que ainda tem em seu poder antes da chegada das FDI".

Atualmente, 146 dos 193 Estados-membros da ONU reconhecem o Estado da Palestina, número que aumentará já a partir de domingo, com o reconhecimento de Portugal.

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