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Quando questionado por jornalistas, Trump afirmou que iria “analisar” a possibilidade de deportar Musk, atualmente o homem mais rico do mundo e cidadão americano naturalizado desde 2002.

A propósito de Mamdani, deputado estadual em Nova Iorque e candidato à presidência da câmara da cidade, Trump afirmou que o país “não precisa de comunistas” e que “muitas pessoas dizem que ele está ilegalmente no país”, apesar de não existir qualquer prova disso. Mamdani nasceu no Uganda e tornou-se cidadão americano em 2018.

Já sobre Rosie O’Donnell, atriz e comediante nascida nos EUA, Trump escreveu na sua rede social que ela é uma “ameaça à humanidade” e que está a considerar retirar-lhe a cidadania, embora tal ação seja legalmente impossível no caso de uma cidadã nascida em solo americano, diz a CNN.

Especialistas em direito recordam , ao canal americano, que o Presidente não tem o poder de retirar cidadania, nem a naturalizada nem a de nascimento. A revogação de cidadania, conhecida como desnaturalização, só pode ocorrer por decisão de um tribunal federal e apenas em dois casos: obtenção ilegal da naturalização ou ocultação deliberada de factos relevantes durante o processo. Mesmo nesses casos, o governo tem de provar as alegações com um elevado grau de certeza.

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As declarações de Trump foram recebidas com preocupação por analistas jurídicos e organizações de direitos civis, que veem nelas sinais de instrumentalização política de um mecanismo legal destinado a situações excecionais. A ameaça pública de desnaturalizar opositores políticos representa, segundo alguns juristas, um novo e perigoso precedente na forma como se entende a cidadania nos EUA. O Migration Policy Institute, por exemplo, alerta que estas afirmações podem ter um efeito dissuasor entre cidadãos naturalizados, levando-os a autocensura por receio de perseguição ou retaliação.

Durante o seu primeiro mandato, Trump tentou reforçar os esforços de desnaturalização, criando uma unidade específica no Departamento de Justiça, entretanto encerrada sob Joe Biden. Agora, já no segundo mandato, há sinais de que esse esforço está a ser reativado: foi emitida uma nova diretiva a procuradores federais para que priorizem processos de desnaturalização quando estejam em causa riscos à segurança nacional. Até ao momento, foram formalizados cinco novos casos, incluindo um ex-soldado condenado por posse de pornografia infantil.

As reações dos visados também não se fizeram esperar. Musk comentou ironicamente nas redes sociais que estava “tentado a responder”, mas que se ia conter. Mamdani acusou Trump de querer desviar atenções daquilo por que ele luta — uma cidade mais justa e inclusiva. Rosie O’Donnell, por sua vez, respondeu com sarcasmo, apelidando Trump de “rei Joffrey com spray tan tangerina” e rejeitando qualquer tentativa de a silenciar.

Apesar de a maioria dos especialistas considerar que estas ameaças são juridicamente infundadas e de difícil execução, o simples facto de um presidente em exercício sugerir que a cidadania pode ser usada como arma política contra opositores levanta sérias questões sobre os limites do poder executivo e a proteção dos direitos fundamentais nos Estados Unidos.