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O peso da herança cultural: “A mentalidade não acompanhou a evolução da sociedade”

Filipa Jardim explica que a pressão social é fruto de uma herança cultural que não evoluiu ao mesmo ritmo da vida moderna.
“Crescemos com o guião formatado: estudar, namorar, casar, ter filhos. Aos 30, supostamente, a vida estaria resolvida”, recordou. Porém, essa expectativa continua a alimentar o julgamento das mulheres que não seguem esse percurso.

A sociedade, afirma a psicóloga no quarto episódio da segunda temporada de "fica bem falar de", ainda olha para a mulher solteira como “encalhada”, “fracassada” ou com “um defeito”, ignorando que a escolha de estar só pode ser justamente isso, uma escolha.

A apresentadora Jéssica Athayde aborda a pressão que existe, sobretudo nas altuuras do Natal ou aniversários. Onde tendecialmente surgem mais comentários que reforçam a comparação.

Filipa Jardim sublinha que a comparação é inevitável: “Vivemos sempre em comparação. Mas o foco tem de ser interior. Não é preciso justificar nada a ninguém.”

Reaprender a estar sozinha e reconstruir a identidade

O episódio aborda ainda as mudanças que a idade traz às relações e ao autoconhecimento. Aos 20, diz Filipa Jardim, somos mais aventureiras; aos 30, mais seletivas; aos 40, “tão viciadas na própria companhia que é mais difícil deixar alguém entrar”.

Marta Bateira diz ter aprendido a gostar da solitude: “Eu sou feliz sozinha. Já não me vejo a viver com um homem.” Para a criadora de conteúdos, estar solteira deixou de ser intervalo entre relações e passou a ser evolução pessoal.

Após relações longas, ambas destacam a dificuldade em reencontrar a própria identidade: “Ficas cheia de buracos”, descreve a psicóloga. “Precisamos de reaprender quem somos fora da relação.”

Maternidade, congelamento de óvulos e autonomia sobre o corpo

Um dos pontos mais fortes da conversa envolve a maternidade. Cada vez mais mulheres entre os 36 e os 41 anos enfrentam a questão: “Quero ser mãe, mas estou solteira. O que faço com isto que não controlo?”

A psicóloga defende maior literacia em saúde feminina, desde avaliar a reserva ovárica cedo até considerar o congelamento de óvulos, sem pressa e sem medo. “É empoderamento”, diz Filipa Jardim. “Ter informação coloca-nos num lugar mais seguro.”

Desmistifica-se ainda a ideia de que um filho une um casal: “É um mito perigoso”, alertou a psicóloga, lembrando o impacto que relações tóxicas têm nos próprios filhos.

A ilusão das aplicações e os novos padrões de relação

As duas abordam também a realidade do dating em 2025,  marcada por aplicações que criam “a ilusão de 1.500 possibilidades”, mas onde a afinidade real só surge cara a cara.

Aos 30, dizem, é mais difícil largar padrões. Aos 40, a vida oferece outra tranquilidade: trabalha-se menos para provar algo e mais para viver o que realmente faz sentido.

O episódio termina com uma mensagem clara: estar solteira não é falha no currículo, nem identidade. É uma condição, não uma definição.

Filipa Jardim reforça: “Continua a haver muito peso na relação romântica como eixo da vida. Mas nós somos muitas coisas. A nossa identidade precisa de ser atualizada. Não somos o nosso estado civil.”

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