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Entre lixo acumulado, maus odores e a preocupante presença de baratas, os relatos de insalubridade tornam-se cada vez mais frequentes. As denúncias dirigidas ao Portal da Queixa revelam uma deterioração evidente das condições de limpeza, principalmente dirigidas aos veículos operados pela Carris Metropolitana, CARRIS e CP – Comboios de Portugal.

A tendência, longe de ser pontual, reflete um problema estrutural que afeta diariamente milhares de utilizadores.

Ao todo, entre janeiro e 20 de julho de 2025, foram submetidas 1.172 queixas no setor dos transportes públicos, com quase um quarto (23%) a apontar diretamente a falta de higiene como motivo principal. Trata-se do segundo fator mais reclamado, ficando apenas atrás de falhas no serviço em geral.

O segundo trimestre de 2025 acentuou a insatisfação, com um aumento global de 27% nas queixas face ao mesmo período do ano anterior. Junho foi o mês mais crítico: comparando com junho de 2024, registou-se um aumento de quase 58% nas reclamações. Este número reflete não só uma degradação dos serviços, como também um maior nível de consciência e exigência por parte dos utentes.

Relatos de situações alarmantes, como baratas a circularem no interior dos veículos, sublinham a gravidade do problema. Para muitos passageiros, a experiência do dia a dia no transporte público ultrapassa o mero incómodo e chega a representar um risco para a saúde. As palavras de alguns utilizadores, como Ana Apolinário e André Soares, citadas em comunicado, ilustram um cenário que muitos consideram intolerável.

Além da higiene, os consumidores apontam também falhas recorrentes na qualidade do serviço (27,47%), atrasos (14,68%) e deficiências no atendimento ao cliente (11,86%) como principais motivos de insatisfação.

A distribuição das queixas mostra que as áreas metropolitanas de Lisboa, Porto e Setúbal concentram o maior número de reclamações, o que não surpreende, dada a elevada densidade de população e de oferta de transportes nestas regiões.

A maioria dos queixosos são mulheres entre os 25 e os 54 anos, o que espelha, em grande parte, o perfil de quem mais utiliza diariamente o transporte público.

Perante este panorama, os apelos à intervenção das autoridades e das empresas operadoras tornam-se cada vez mais urgentes. A falta de condições básicas de limpeza nos veículos públicos compromete não só o conforto dos passageiros, mas também a confiança num sistema de mobilidade que deveria ser eficiente, seguro e digno.

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Em comunicado, o Portal da Queixa defende que os dados recentes devem servir de alerta para quem tem responsabilidades na gestão e fiscalização do setor.

Para Pedro Lourenço, fundador do Portal da Queixa: “A falta de condições de higiene nos transportes públicos é um problema que os passageiros enfrentam diariamente e que tem vindo a ganhar expressão no Portal da Queixa. Em 2025, quase um em cada quatro reclamações relacionadas com o setor denunciam situações de insalubridade, sendo algumas verdadeiramente alarmantes, como a presença de baratas. Estes dados devem servir de alerta para as entidades responsáveis, que não podem continuar a ignorar uma questão tão básica como garantir um ambiente minimamente higiénico nos serviços públicos de transporte.”