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OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA FILOSOFIA MONTESSORI
Os princípios Montessori aqui apresentados podem ser aplicados em casa, fornecendo assim um valioso ponto de partida para os pais, no sentido de os ajudar a conceber uma vida familiar inspirada no espírito Montessori.
1 Seja consistente
Dê à criança diretrizes claras e reforce-as de forma fiável através do seu exemplo e liderança. Quando o seu filho testar os limites, seja consistente e brando, mas firme, para que ele se mantenha no caminho certo.
2 Reconheça a singularidade
Cada criança tem a sua própria voz e pode ver ou reagir a situações de uma forma única. Evite comparações entre crianças ou mesmo consigo. Valorize o que torna cada criança um ser único.
3 Crie uma noção de ordem
Para ajudar a criança a pensar de forma lógica e a obedecer a uma sequência de etapas, é crucial uma noção de calma e ordem. Um lar organizado, com rotinas definidas, ajuda a alcançar esse objetivo.
4 Pratique o respeito mútuo
As nossas palavras e ações não devem jamais servir para envergonhar. Falar com o seu filho com gentileza e respeito
– imaginando o adulto que se tornará – despertará certamente o melhor dele.
5 Encoraje em vez de elogiar
Elogiar constantemente a criança, para assim mostrar a nossa aprovação, poderá deixá-la sequiosa de elogios. Ao encorajá-la, convidamo-la a prosseguir, dando-lhe também a entender que reconhecemos o seu esforço e as suas escolhas.
6 Incuta motivação intrínseca
Quando ensina um comportamento correto, e o exemplifica de forma consistente, reconhecendo-o e valorizando-o, este tende a tornar-se uma segunda pele. Tente incutir o hábito de que é assim que se fazem as coisas.
7 Dê liberdade, mas com limites
Criar condições que proporcionem um determinado nível de liberdade de movimentos e de escolha, dentro de limites seguros e bem definidos, ajuda a desenvolver a independência e a autodisciplina.
8 Apoie uma aprendizagem a longo prazo
Faça à criança as perguntas certas, em vez de lhe dar as respostas. Aprender como aprender, compreender conceitos e pensar de forma profunda e criativa ajuda-nos a encontrar um caminho.
9 Promova a graciosidade e a delicadeza
Ajudamos a criança a desenvolver a graciosidade – domínio do corpo – e as boas maneiras, o seu equivalente social, para que ela demonstre respeito e assim evite magoar os outros, ou envergonhar-se a sim mesma e aos demais.
10 Desenvolva a autonomia
Parte do nosso trabalho consiste em ajudar a criança a dominar competências físicas, intelectuais e sociais. O nosso objetivo é educar uma criança que surja diante de nós e dos outros como um jovem membro da comunidade de adultos.
11 Incuta responsabilidade
Quando assumimos responsabilidade pelas nossas ações e criamos um espaço emocional seguro onde os erros são encarados como oportunidades, ajudamos a criança a responsabilizar-se pelo seu comportamento.
MONTESSORI PARA TODAS AS FAMÍLIAS
Montessori oferece uma perspetiva sobre o mundo e promove as relações interpessoais baseadas na parceria. Os pais que se identificam com o método Montessori têm origens diversas. Porém, embora possam vir de diferentes contextos sociais, as famílias que seguem a filosofia e os princípios Montessori, seja matriculando os filhos em escolas Montessori, seja recorrendo aos seus métodos em casa, tendem a ter muito em comum.
Uma escolha corajosa
Ser um pai Montessori requer coragem. Isto acontece porque a filosofia Montessori encoraja as crianças a pensarem por si mesmas e a articularem as suas próprias opiniões. Por exemplo, haverá ocasiões em que é muito mais fácil para o pai de uma criança de 6 anos que esta aceite, sem questionar, a explicação que lhe dá sobre o motivo por que não é prático criar um centro de reciclagem no meio da cozinha. Ao encorajar o pensamento e o raciocínio autónomo, a filosofia Montessori desafia os pais a ajudarem os filhos a explorar projetos e a encontrar soluções práticas, para que estes aprendam como as coisas funcionam e quais os desafios que um projeto pode levantar.
Uma perspetiva habitual
A abordagem Montessori intui que as crianças são capazes de feitos extraordinários desde tenra idade. Acredita nisso independentemente do género, raça ou etnia. Reconhece que crianças de todas as famílias, qualquer que seja o estrato social, os rendimentos ou a sua estrutura, podem desenvolver todo o seu potencial desde que, desde o início, lhes sejam facultados os estímulos e o apoio emocional adequados. Seguir os princípios Montessori não significa remodelar a casa ou comprar ferramentas de aprendizagem especiais. Ao invés, os pais estimulam a bondade e a empatia nos seus filhos, encorajando o desenvolvimento da sua inteligência inata, curiosidade, criatividade e sentido de deslumbramento.
Ser uma família Montessori é ver os filhos como seres humanos únicos, com a sua própria personalidade, interesses e emoções, independentemente de serem pequenos ou não. É reconhecer a importância de os ajudar a fazer as coisas por si, para que possam desenvolver a independência e ter consciência das suas competências e do valor da sua voz no mundo.
Uma meta coletiva
As famílias Montessori acreditam que, ao ensinar a paz no seio familiar, ajudam a construir um mundo melhor: a resolver conflitos sem recorrer à violência, a escutar e valorizar o outro e a viver num espírito de colaboração e parceria, ao invés de uma versão limitada e egoísta. Ainda que, de início, se procure a filosofia Montessori para a educação dos filhos, as famílias que a abraçam acabam por se aperceber de que trabalhar para um futuro melhor para
todos passa por ensinar aos filhos um estilo de vida. Assim que os seus princípios fundamentais fizerem eco em si, o método Montessori já é, ou certamente virá a ser, perfeito para a sua família.
REPENSAR A DISCIPLINA
Quando pensamos em disciplina, pensamos também em castigos e recompensas como formas de controlar o comportamento da criança. Na verdade, o significado original da palavra “disciplina” é “aprender” ou “ensinar”. Quando a encaramos como uma ferramenta de ensino, estamos a preparar os nossos filhos para serem bem-sucedidos.
Segundo o espírito Montessori, em vez de se utilizar um sistema de recompensas e castigos para encorajar as crianças a comportarem-se como gostaríamos, ajudamo-las a desenvolver a independência, a disciplina interior e a motivação intrínseca.
Por que razão alguns métodos podem falhar
Por que motivo evita a filosofia Montessori o uso do castigo e da recompensa? As recompensas servem para motivar as pessoas a comportarem- -se de determinada maneira. Do mesmo modo, os castigos servem para persuadir as pessoas a evitar certos comportamentos. Contudo, ambos apenas funcionam quando há plateia, quando as crianças julgam que alguém está a ver e depende do valor que atribuem à promessa de recompensa ou à ameaça de castigo.
Na filosofia Montessori, o objetivo é que a criança interiorize os valores familiares e as respetivas normas de comportamento, quer estejam ou não presentes outros membros da família.
Encorajar a motivação intrínseca
A motivação intrínseca – uma voz interior que reflete quem somos e como nos comportamos – é uma ferramenta capaz de nos ensinar, de forma duradoura, comportamentos que conduzem a relações tranquilas e positivas. Todas as crianças se portam mal de vez em quando. É inevitável que, sentindo-se inseguras em relação às nossas expectativas, sejam desagradáveis ou testem os limites. Contudo, não temos de estar constantemente em guerra, sem um minuto para nós, nem a ter de lidar com a agressividade da criança, seja por palavras, seja por ações.
Enquanto pais, é possível ensinar valores e bons comportamentos aos nossos filhos por via do exemplo. Ir ao encontro das suas necessidades emocionais (ver p. 38) também pode atenuar o mau comportamento. Uma vez entendidas e satisfeitas as necessidades emocionais do seu filho, é mais provável que ele coopere e cumpra as suas rotinas diárias autonomamente. Veja algumas estratégias úteis nas páginas 168-171.
Além disso, quando somos gentis e firmes com as crianças, com o intuito de as ajudarmos a adquirir competências e a compreender o que esperamos do seu comportamento, afina-se a harmonia familiar, mesmo em situações desafiantes.
Definir as “regras da casa”
As crianças precisam de orientações consistentes sobre as suas responsabilidades em casa e sobre como cumpri-las, para que se possam guiar adequadamente na vida familiar. Quando as regras definem expectativas claras (ver ao lado), que são consistentemente reforçadas, as crianças desenvolvem um sentimento de segurança, proteção e ordem.
As regras da casa são as regras do dia a dia que se espera que sejam cumpridas por todos os membros da família. Qualquer questão relacionada com segurança, danos físicos ou destruição não deve ser negociável. Tirando isso, as regras da casa podem e devem estar abertas a discussão. Haverá certas coisas que os adultos podem fazer e as crianças não, mas que ficam de fora das regras da casa, para evitar dois pesos e duas medidas, que as crianças, legitimamente, poderão considerar injustas, potenciando ressentimentos.
As regras da casa fornecem o enquadramento para determinar o que é negociável e o que não é, ajudando a prevenir eventuais lutas de poder.
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