
Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt
Paulo Rocha, professor do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e coordenador dos projetos GREEN- Generating Energy from Electroactive Algae e PROTEGE - Porous sensors for real-time monitoring of water quality risks, alerta que o "atraso na deteção microbiana" tem efeito no tratamento de água potável. A "contaminação imprevisível de comunidades microbianas em ambientes aquáticos" é uma "preocupação global para os fornecedores de água potável e produtores aquícolas", afirma o especialista.
Nesse âmbito, o projeto GREEN identificou uma "aplicação comercial promissora", através da eletrofisiologia ultrassensível, um mecanismo também utilizado na cardiologia para identificar arritmias cardíacas. Ora, esta ferramenta permite a medição precisa da sinalização bioelétrica presente em comunidades de bactérias e cianobactérias."
O coordenador dos projetos diz ao 24notícias que, "na indústria da água, há uma necessidade crescente em detetar a presença de cianobactérias responsáveis pela produção de metabólitos de gosto e odor, como a geosmina e o MIB (2-metil-isoborneol), que afetam a qualidade da água potável e exigem tratamentos caros e complexos". Nos países europeus esse custo "pode ultrapassar os 150 milhões de euros".
O especialista acrescenta que esta inovação é essencial para "evitar surtos de doenças e reduzir o uso excessivo de antibióticos, uma prática que contribui para o desenvolvimento de resistência antimicrobiana, com sérias implicações ambientais e sanitárias".
Atualmente, no projeto PROTEGE está em processo a materialização de um "protótipo funcional" direcionado para o mercado, que pretende detetar em tempo real cianobactérias (bactérias que obtêm energia por fotossíntese) em reservatórios de abastecimento de água e que também ajuda "ambientes complexos, sendo capaz de detetar a sinalização elétrica de comunidades microbianas em diferentes contextos ambientais".
Este é um projeto multidisciplinar que destaca o bioempreendedorismo, divulga a entidade, com a coordenação da FCTUC e "com a colaboração da UC Business da Universidade de Coimbra, a empresa Seaculture do Grupo Jerónimo Martins, as Águas de Coimbra, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, IP (INIAV) e o Instituto Pedro Nunes (IPN)".
*Texto editado por Ana Maria Pimentel
Comentários