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Casado com uma americana, pai de um filho nascido nos Estados Unidos e com residência legal no país, Khalil foi libertado no final da tarde do centro de detenção do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE) em Jena, Louisiana, o que coloca fim a mais de três meses de reclusão.
Detido no âmbito da investida da administração republicana para pôr fim ao que classifica como atos de "antissemitismo" nas universidades, o juiz federal Michael Farbiarz determinou a sua libertação imediata na sexta-feira. Khalil não respondia a nenhuma acusação formal.
"Isto não devia ter levado três meses", disse Khalil à imprensa local, ao sair do centro de detenção usando uma kufiya — um lenço tradicional palestiniano.
"Trump e a sua administração escolheram a pessoa errada para isso" disse. "Não há pessoa certa a ser detida por protestar contra um genocídio", acrescentou.
"Depois de mais de três meses, finalmente podemos respirar aliviados e saber que Mahmoud está a caminho de casa comigo e com Deen, que nunca deveria ter sido separado do seu pai", disse mais cedo a sua mulher Noor Abdalla, que deu à luz o primeiro filho do casal durante a detenção do marido.
"Esta decisão não aborda as injustiças que o governo Trump trouxe para a nossa família e para tantos outros que o governo está a tentar silenciar por falar contra o genocídio em curso de Israel contra os palestinianos", acrescentou em comunicado.
O Departamento de Segurança Interna criticou a decisão ao citá-la como um exemplo de que "membros descontrolados do poder judiciário estão a minar a segurança nacional".
"No mesmo dia em que um juiz de imigração negou a fiança a Khalil e ordenou sua expulsão, um juiz distrital sem escrúpulos ordenou sua liberdade", acrescentou o Departamento de Segurança Interna.
Na rede social X, o departamento argumentou que um juiz de imigração e não um juiz distrital é quem "tem autoridade para decidir se o Sr. Khalil deve ser libertado ou detido".
Segundo os termos da sua libertação, não poderá sair dos Estados Unidos, salvo para uma "autodeportação", e terá restrições para viajar dentro do país.
Khalil foi detido a 8 de março com base na aplicação de uma lei de 1952, defendida pelo secretário de Estado, Marco Rubio, que alegava que suas atividades colocaram os interesses dos Estados Unidos em risco.
Símbolo
A 11 de junho, o juiz Farbiarz determinou que Khalil não poderia ser preso ou expulso do país com base nessas acusações e deu prazo até sexta-feira da semana passada para sua soltura, mas o governo se recusou a cumprir a ordem alegando que houve irregularidades na sua solicitação de permissão de residência.
Nesta sexta, o juiz decidiu que essas alegações não justificam a detenção e ordenou a sua libertação imediata.
A libertação é uma vitória para Khalil, que se tornou um símbolo da luta contra a tentativa de acabar com a liberdade de expressão nas universidades, disfarçada de combate ao antissemitismo.
Foi o primeiro de uma série de estudantes presos por participarem nos protestos que abalaram as universidades do país para pedir o fim da guerra de Israel em Gaza.
A libertação de Khalil foi fruto de um esforço incansável de vários escritórios de advocacia e organizações como o Centro de Direitos Constitucionais e a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).
No âmbito da campanha contra estudantes pró-palestinianos, o governo republicano suspendeu e revogou mais de 1.000 vistos e residências permanentes e deteve pelo menos 12 alunos.
Embora os tribunais federais tenham determinado que essas detenções violaram a constituição, os processos de deportação continuam em andamento.
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