
Mas, horas depois do anúncio, o ministro dos Negócios estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, assegurou que não existe tal acordo, mas mostrou-se aberto a cessar as hostilidades se Israel detiver seus ataques. E a capital Teerão vivenciou uma nova série de bombardeamentos na madrugada desta terça-feira (24, hora local) no norte e no centro da cidade, segundo um jornalista da AFP no local.
O Irão nega querer fabricar armas atómicas, mas defende o direito a desenvolver um programa nuclear civil. "Foi plenamente acordado por e entre Israel e Irão que haverá um CESSAR-FOGO TOTAL e COMPLETO", escreveu Trump nesta segunda em sua plataforma Truth Social.
Segundo o presidente americano, o cessar-fogo seria um processo gradual de 24 horas. "Na hora 24, o mundo dará boas-vindas ao fim oficial da guerra de 12 dias", disse Trump.
Contudo, o ministro iraniano Araghchi sustentou na terça-feira nas redes sociais que, "por agora, NÃO há 'acordo' para um cessar-fogo ou o fim das operações militares".
Não obstante, esclareceu que "se o regime israelense interromper sua agressão ilegal contra o povo iraniano o mais tardar às 4h de Teerão, não teremos a intenção de continuar com nossa resposta".
Minutos depois do anúncio de Trump, os Guardiões da Revolução, o exército ideológico do Irão, prometeram fazer com que os Estados Unidos lamentem qualquer novo ataque contra seu território.
"Advertimos ao tolo e estúpido presidente americano [Donald Trump] que, no caso de se repetir uma agressão [...], receberá respostas mais contundentes que lamentará", afirmou o chefe da Guarda Revolucionária, Mohammad Pakpour, citado pela televisão estatal.
Numa sucessão de acontecimentos, depois do anuncio de cessar fogo o Exército israelita informou que estava a interceptar mísseis iranianos lançados "há pouco" contra o seu território, sem detalhar a hora em que foram disparados.
"Há pouco soaram as sirenes em várias partes de Israel após a identificação de mísseis lançados do Irã contra o Estado de Israel", indicou o Exército em comunicado publicado no Telegram.
Israel aceita trégua de Trump e afirma que alcançou objetivos na guerra com Irão
Ao longo da noite, o combate e as negociações para o seu fim estiveram acessos. Tendo Israel acabado por anunciar já esta terça-feira que alcançou todos os objetivos da guerra com o Irão, ao eliminar a ameaça nuclear iraniana, e aceitou a proposta de cessar-fogo bilateral do presidente americano Donald Trump para interromper a guerra que começou a 13 de junho.
Antes dos anúncios de Israel e Trump, um ataque com mísseis iranianos deixou quatro mortos no sul de Israel e um bombardeamento israelita matou nove pessoas no norte do Irão.
"O CESSAR-FOGO JÁ ESTÁ EM VIGOR. POR FAVOR NÃO O VIOLEM!", publicou Trump em sua rede Truth Social pouco depois da meia-noite em Washington.
Em uma série de mensagens na rede social, Trump anunciou na noite de segunda-feira que Israel e Irão haviam concordado com "um CESSAR-FOGO TOTAL e COMPLETO".
Segundo Trump, a trégua deveria entrar em vigor por fases a partir de terça-feira, às 0h00 de Washington, com a suspensão das operações por parte do Irão, seguida pelo fim das operações de Israel 12 horas depois.
Israel foi o primeiro a aceitar oficialmente o cessar-fogo de Trump, ao anunciar que cumpriu os seus objetivos de guerra, com a eliminação da dupla ameaça nuclear e de mísseis do Irão, mas com a advertência de que reagiria com firmeza em caso de violação da trégua pelos iranianos.
Israel "eliminou uma dupla ameaça existencial imediata: nuclear e balística", afirmou o governo em um comunicado, no qual agradece ao presidente "Trump e aos Estados Unidos por seu apoio em defesa e sua participação na eliminação da ameaça nuclear iraniana".
"Israel reagirá com força diante de qualquer violação do cessar-fogo", acrescentou o texto publicado pouco após o anúncio de Trump.
Durante as horas que antecederam o início da trégua anunciada por Trump, o Irão lançou várias ondas de mísseis contra o território israelita, o que provocou a ativação do alerta antiaéreo em Tel Aviv e outros pontos do norte e do sul do país.
O Magen David Adom, o equivalente da Cruz Vermelha em Israel, informou que um projétil atingiu um edifício residencial na cidade de Beersheva, no sul, onde foram registadas quatro mortes.
Mas quem acabou a Guerra? E acabou mesmo?
O Conselho de Segurança Nacional do Irão afirmou esta terça-feira que o país "forçou" Israel a "cessar unilateralmente" a guerra, mas advertiu que continua "em alerta" e pronto para "responder a qualquer agressão", apesar do cessar-fogo anunciado pelos Estados Unidos.
O comunicado do importante órgão de poder iraniano menciona "uma vitória, um triunfo que forçou o inimigo a se arrepender, aceitar a derrota e cessar unilateralmente sua agressão".
Mas o Irão "permanece em alerta, com os dedos no gatilho, pronto para uma resposta decisiva que provocará o arrependimento de quem iniciar uma agressão" contra o país, acrescenta a nota.
E o Exército iraniano negou o lançamento de mísseis contra o território israelita "ao longo das últimas horas", como denunciou Israel após o presidente americano, Donald Trump, anunciar um cessar-fogo.
O Estado-Maior "desmente o lançamento de mísseis do Irão em direção aos territórios ocupados (Israel) ao longo das últimas horas", afirmou a televisão estatal.
O ministro israelita da Defesa, Israel Katz, declarou que Teerão havia disparado mísseis e afirmou que seu país "responderá com força à violação do cessar-fogo" e o Irão acusa Israel de ataques após anúncio de cessar-fogo.
O Exército iraniano acusou Israel de ter executado ataques em território iraniano durante a manhã, ou seja, após o anúncio do cessar-fogo por parte do presidente americano Donald Trump.
"O regime sionista realizou três ondas de ataques em locais do território iraniano até 9h00 de hoje", declarou um porta-voz do comando das Forças Armadas citado pela televisão estatal, sem revelar detalhes.
"Muito fraco"
Ao fim da tarde de segunda-feira, o Irão atacou a base militar americana de Al Udeid no Qatar como uma represália pelos ataques dos Estados Unidos de domingo contra três instalações nucleares iranianas.
Antes do anúncio de cessar-fogo, Trump classificou de "muito fraco" o ataque de retaliação, mas agradeceu ao Irão por ter avisado com antecedência. O Qatar afirmou que intercetou os projéteis lançados contra a base militar, a maior que os americanos possuem no Oriente Médio.
"Em resposta à ação agressiva e insolente" dos Estados Unidos, as forças armadas iranianas "atacaram a base aérea americana de Al Udeid", no Qatar, informou o Conselho de Segurança Nacional iraniano. Teerão afirma que lançou seis mísseis contra a base americana, o mesmo número de bombas que os Estados Unidos usaram ao atacar as instalações nucleares do Irão.
A televisão estatal iraniana mostrou pela noite imagens ao vivo de manifestantes exultantes em Teerão com gritos de "Morte aos Estados Unidos!".
Nos seus ataques do fim de semana, Washington atingiu uma central subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordow e instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país. Segundo o Pentágono, esses bombardeamentos "devastaram o programa nuclear iraniano".
Por sua vez, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) considera impossível, por ora, avaliar os danos e pediu acesso às instalações iranianas.
Os especialistas acreditam que o Irão pode ter retirado seu material nuclear, e Teerão afirma que ainda tem reservas de urânio enriquecido.
Na noite de segunda-feira, o Irão pediu aos moradores de Ramat Gan, nos subúrbios de Telavive, que evacuassem as habitações, após uma ordem similar emitida pelo Exército israelita à população que vivia numa área do centro de Teerão.
Israel atacou esta segunda-feira centros de comando da Guarda Revolucionária e a prisão de Evin.
A guerra já deixou mais de 400 mortos e 3.000 feridos no Irão, a maioria deles civis, segundo um balanço oficial. Por outro lado, os ataques iranianos contra Israel mataram 24 pessoas, segundo autoridades israelitas.
Mudança de regime?
Desde o começo da guerra, o Irão tem respondido com o lançamento de mísseis e drones contra Israel, e pode retaliar fechando o Estreito de Ormuz, por onde passa um quinto da produção mundial de petróleo.
Trump, que tinha retomado negociações com o Irão para conter o programa nuclear, sob mediação de Omã, "ainda está interessado" em encontrar uma solução diplomática, afirmou na segunda-feira uma porta-voz da Casa Branca.
Mas, "se o regime iraniano se nega a encontrar uma solução pacífica [...] por que é que o povo iraniano não deveria tirar o poder desse regime incrivelmente violento que o reprime há décadas?", questionou.
*Com agências
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