No relatório relativo ao atraso no atendimento pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM, I.P.) a um utente de Pombal que morreu em 2024 por enfarte de miocárdio, a IGAS diz que a população tem de saber que quando desliga uma chamada de socorro, por não ter sido atendida, e efetua novas, está a abrir mais ocorrências, o que afeta vários meios dispersa o tratamento do caso.

A IGAS, que relacionou o óbito deste utente de Pombal, a 04 de novembro de 2024, com o atraso no socorro, sublinha que em dias de grande sobrecarga de trabalho e escassez de recursos humanos, como neste caso – decorriam duas greves em simultâneo - as chamadas poderão ficar sem retorno, por ter sido excedido o prazo de quinze minutos.

Aliás, neste caso, a mulher da vítima chegou a dizer na altura aos órgãos de comunicação social que o INEM tinha retornado a chamada 24 horas depois, o que pode ser explicado pelo facto de a primeira chamada feita a pedir socorro a partir desse número não ter sido inicialmente atendida.

Apesar de estar prevista a existência de um operador escalado a nível nacional para monitorizar o quadro das chamadas desligadas na origem e fazer a chamada de retorno, no caso de Pombal a chamada de retorno não aconteceu devido à sobrecarga de trabalho e à falta de recursos humanos.

Para explicar o funcionamento deste sistema, a inspeção considera que devem ser desenvolvidas ações de literacia para a saúde nos meios de comunicação social, lembrando que é missão do INEM definir, organizar, coordenar, participar e avaliar as atividades e o funcionamento, em Portugal Continental, de um Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), garantindo às vítimas de acidente ou doença súbita a “pronta e correta prestação de cuidados de saúde”.

Quanto aos tempos de resposta neste caso, recorda que entre o primeiro contacto com a linha 112 e a chegada da Viatura Médica de Emergência Médica (VMER) ao local decorreu uma hora e 50 minutos, situação que “deverá merecer adequada reflexão com vista à sua correção”, por parte do INEM.

Conclui ainda que o INEM não cumpriu, de forma cabal, as atribuições que lhe estão cometidas, desde logo, o atendimento do pedido de socorro.

Diz ainda não se compreender que, neste caso, tenham sido efetuadas tantas tentativas de contacto telefónico, sem sucesso, considerando que esta situação tem de ser internamente resolvida para que não se repita noutros casos, afetando o prestígio, bom nome e honra do INEM.

Segundo os dados apurados pela inspeção, a primeira chamada de socorro, feita às 13h12 do dia 04 de novembro de 2024, demorou mais de 10 minutos a ser atendida pelo 112, que informou que o utente deveria aguardar a chegada do meio de socorro.

A chamada só foi encaminhada do 112 para o CODU Coimbra às 13h49 – mais de 25 minutos depois de ser atendida pelo 112 – e a ativação da primeira ambulância, dos Bombeiros Voluntários de Pombal-Secção de Albergaria dos Doze, ativada pelas 14h04.

O meio diferenciado – ambulância de Suporte Imediato de Vida de Pombal – só foi ativado às 14:33 e a primeira observação da vítima pela equipa dessa ambulância só ocorreu pelas 14:48, ou seja, uma hora e 26 minutos depois de a primeira chamada de socorro ter sido atendida pelo 112.

Foi ainda ativada a VMER de Leiria (pelas 14:25), que apenas chegou junto da vítima às 15:02, uma hora e 50 minutos após o primeiro contacto com a linha 112.

Neste caso, a IGAS aponta responsabilidades a dois profissionais de saúde - uma Técnica de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) e um médico (prestador de serviços). O INEM já anunciou que vai abrir um processo disciplinar à TEPH.