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O Ministério Público da Coreia do Sul acusou esta segunda-feira o ex-presidente Yoon Suk-yeol de “ajudar o inimigo”, sustentando que o antigo chefe de Estado prejudicou os interesses militares do país ao ordenar o envio de drones para território norte-coreano, incluindo sobrevoos sobre Pyongyang.
A investigação, conduzida ao longo de 2025, concluiu que Yoon e vários colaboradores próximos “conspiraram para criar as condições que permitiriam a declaração da lei marcial de emergência, aumentando assim o risco de um confronto armado intercoreano e prejudicando os interesses militares públicos”, afirmou Park Ji-young, assistente do procurador especial encarregado do caso.
Segundo Park, o ex-presidente enfrenta acusações de “favorecer o inimigo em geral” e de “abuso de poder”, numa das mais graves imputações alguma vez feitas a um líder sul-coreano.
As suspeitas remontam a outubro de 2024, quando Pyongyang acusou Seul de enviar drones para lançar panfletos de propaganda sobre a capital norte-coreana. Embora o governo sul-coreano da época tenha negado as alegações, o Ministério Público acredita agora que a operação foi deliberadamente autorizada por Yoon para provocar uma resposta militar do Norte.
Entre as provas recolhidas está uma nota interna do então chefe da contraespionagem presidencial, na qual se recomendava “criar uma situação instável ou aproveitar uma oportunidade que possa surgir”, sugerindo que o exército atacasse “locais que fariam o Norte perder prestígio, para que uma retaliação fosse inevitável, como Pyongyang ou Wonsan”, revelou Park Ji-young.
A acusação surge meses depois da queda política de Yoon Suk-yeol, que foi destituído em abril de 2025 após uma crise institucional desencadeada pela imposição temporária da lei marcial em 3 de dezembro de 2024. Na altura, o ex-presidente justificou a medida com “ameaças iminentes da Coreia do Norte”, mas o parlamento conseguiu reunir-se de emergência e anular a decisão.
O ex-chefe de Estado, que mantinha uma postura de linha dura face a Pyongyang e uma estreita aliança com os Estados Unidos, foi preso em janeiro e continua a responder também por insurreição, relacionada com o envio de tropas para o parlamento durante o episódio da lei marcial.
Desde junho de 2025, a presidência sul-coreana é ocupada por Lee Jae-myung, líder democrata e antigo rival de Yoon, que tem defendido uma política de reaproximação e diálogo com a Coreia do Norte.
As duas Coreias permanecem tecnicamente em guerra desde o conflito de 1950-1953, que terminou apenas com um armistício, sem tratado de paz — um contexto que continua a tornar qualquer provocação militar uma ameaça real à estabilidade na península.
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