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A morte de Isak Andic, um dos empresários mais influentes de Espanha e fundador da cadeia de moda Mango, continua envolta em mistério dez meses após o ocorrido. Segundo revelou o El País, a investigação judicial, que inicialmente apontava para um acidente fortuito, passou a considerar a possibilidade de homicídio.

O caso é conduzido pelo Juízo de Instrução número 5 de Martorell (Barcelona), sob segredo de justiça, e tem agora como principal visado Jonathan Andic, filho do empresário e única pessoa que o acompanhava na altura da queda.

O incidente ocorreu a 14 de dezembro de 2024, durante uma caminhada no maciço de Montserrat, em Collbató. De acordo com o relato inicial, pai e filho seguiam juntos por um trilho quando o empresário caiu de um desnível superior a cem metros. A morte foi de imediato classificada como acidental e a juíza responsável chegou a arquivar provisoriamente o processo. Contudo, certas incongruências nos testemunhos e nas circunstâncias do acidente levaram as autoridades a solicitar a reabertura do caso.

O El País cita diversas fontes próximas da investigação que confirmam a existência de “indícios suficientes” para que Jonathan Andic passasse à condição de arguido por homicídio. Embora ainda não tenham sido encontradas provas diretas, as contradições detetadas nas declarações do filho do empresário suscitaram dúvidas significativas.

As primeiras explicações de Jonathan, dadas pouco depois do acidente, foram consideradas erráticas. A sua segunda versão, prestada já com maior distância temporal, também apresentou inconsistências em relação à inspeção realizada no local da queda. As descrições de Jonathan não coincidiram integralmente com as evidências recolhidas pela polícia científica na montanha, o que contribuiu para reforçar o clima de suspeição.

Outro testemunho determinante foi o de Estefanía Knuth, golfista profissional e companheira de Isak Andic nos últimos anos de vida. Segundo o jornal espanhol, Knuth terá chamado a atenção para o relacionamento difícil entre pai e filho, o que ajudou os investigadores a reavaliar o quadro da morte.

Da venda de t-shirts ao início da Mango

Andic nasceu em Istambul e emigrou com a família para a região da Catalunha, no nordeste de Espanha, nos anos 60, recordava o The Guardian na altura da morte do empresário.

E o jeito para os negócios começou cedo, ao vender t-shirts aos colegas do liceu americano de Barcelona. O jovem empresário passou depois a gerir um negócio grossista, vendendo roupa no mercado da rua Balmes, em Barcelona, mas percebeu que havia mais dinheiro no retalho e abriu a primeira loja Mango na cidade em 1984, com a ajuda do irmão mais velho, Nahman.

A Espanha tinha acabado de sair de uma ditadura de décadas, que terminou com a morte do general Francisco Franco em 1975, e os consumidores estavam ávidos de roupas mais modernas.

A rede de lojas Mango consolidou-se como um dos principais grupos multinacionais de moda, com presença em mais de 120 mercados, cerca de 2.800 lojas e 15.500 colaboradores em todo o mundo.

O seu património estimado ascende a 4,5 mil milhões de euros e aumentou em 2023 em 1,8 mil milhões de euros. Embora não fosse muito dado à exposição pública, nos últimos dias antes da morte, em dezembro de 2024, manteve uma agenda intensa.

No mundo dos negócios, destaca-se a rivalidade com o fundador do grupo Inditex, Amancio Ortega, outro bilionário da moda espanhol que detém lojas como a Zara, Lefties ou Massimo Dutti. E há mesmo quem considere que foi esta relação que fez com que se registasse sempre a inovação contínua da Mango, que tem vindo a apostar em roupa de homem e criança, além das coleções de mulher.

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