
Gaza está devastada por 21 meses de guerra entre Israel e o Hamas. "Acreditamos que até a próxima semana vamos conseguir um cessar-fogo", disse Trump, quando questionado por jornalistas sobre a possibilidade de um acordo entre as partes.
Esta sexta-feira, na Sala Oval, o Presidente norte-americano reiterou: “estamos a trabalhar em Gaza e a tentar resolver o problema”.
Uma fonte da Associated Press (AP) adiantou que o ministro dos Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, chegará a Washington na próxima semana para conversações sobre o cessar-fogo em Gaza, o Irão e outros assuntos.
Recorde-se que durante os últimos dias do governo de Joe Biden, Washington conseguiu um cessar-fogo com apoio da equipa de transição de Trump. Mas Israel rompeu a trégua em março, com uma nova ofensiva devastadora e um bloqueio humanitário que durou mais de dois meses, provocando uma grave escassez de alimentos e medicamentos.
O bloqueio foi levantado parcialmente no fim de maio, quando o fornecimento de alimentos foi retomado, através da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada pelos Estados Unidos e por Israel.
Mas crescem as críticas, na sequência de relatos de palestinianos mortos perto dos locais de recolha de comida.
Morrer por comida
O secretário-geral da ONU, António Guterres, denunciou esta sexta a existência de um sistema "militarizado" de distribuição de ajuda humanitária que "mata as pessoas" na Faixa de Gaza.
Testemunhas palestinianas afirmaram que as tropas israelitas abriram fogo contra multidões nas estradas que se dirigiam para os locais. As forças armadas israelitas dizem estar a investigar os incidentes.
"As pessoas morrem simplesmente por tentarem alimentar-se a si mesmas e às suas famílias. Recolher alimentos nunca deveria ser uma sentença de morte", alerta Guterres.
Israel respondeu, acusando o secretário-geral da ONU de estar alinhado com o Hamas.
A GHF "forneceu diretamente mais de 46 milhões de refeições aos civis palestinos, não ao Hamas", desde o fim de maio, respondeu o Ministério das Relações Exteriores israelita na rede X.
"No entanto, a ONU faz o que pode para se opor a esse esforço. Ao fazê-lo, a ONU alinha-se com o Hamas", sustentou.
Trump, por sua vez, defendeu a ação de Washington através da GHF.
"Estamos a proporcionar, como sabem, muito dinheiro e alimentos a esta região", disse. "Estas multidões de pessoas que não têm nada para comer", frisou.
Massacres
Os Médicos Sem Fronteiras acusam a GHF de ser um dispositivo de "simulacro de distribuição alimentar que produz massacres em série".
Desde que a fundação humanitária iniciou as suas operações, ocorreram cenas de caos, com numerosas perdas humanas.
Netanyahu defendeu a atuação do Exército e rejeitou "categoricamente" um artigo do jornal israelita de esquerda, o Haaretz, segundo o qual soldados israelitas teriam recebido ordens para atirar contra civis desarmados que esperavam para receber ajuda humanitária em Gaza.
"São mentiras mal-intencionadas desenhadas para manchar as Forças de Defesa de Israel, o exército mais moral do mundo", disse Netanyahu esta sexta-feira, em comunicado.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, quase 550 pessoas morreram e mais de 4.000 ficaram feridas nas enormes filas que se formam perto dos centros de distribuição desde que a GHF começou a funcionar.
A GHF afirma que as suas operações se desenvolvem sem contratempos, e nega que tenham ocorrido tiroteios fatais nas imediações dos seus pontos de ajuda.
Paralelamente, o Exército israelita continua com as operações militares em Gaza, no âmbito da ofensiva contra o Hamas, em represália pelo ataque de 7 de outubro de 2023.
Este ataque causou a morte 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP, baseado em dados oficiais israelitas.
Além disso, o Hamas sequestrou 251 pessoas, das quais 49 continuam retidas em Gaza, incluídos 27 reféns que, segundo o Exército israelita, morreram em cativeiro.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva implacável em Gaza, onde já morreram 56.331 pessoas, na sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas. Mais de metade dos mortos são mulheres e crianças. O número de feridos ultrapassará os 123.600.
Há esperança entre as famílias dos reféns de que o envolvimento de Trump na garantia do recente cessar-fogo entre Israel e o Irão possa exercer mais pressão para um acordo em Gaza.
O Hamas tem dito repetidamente que está disposto a libertar todos os reféns em troca do fim da guerra em Gaza. Netanyahu, por sua vez, diz que só acabará com a guerra quando o Hamas for desarmado e exilado, algo que o grupo rejeita.
*Com Lusa e AFP
Comentários