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Em infantários e escolas de locais como Luhansk, Donetsk e Melitopol, as crianças são encorajadas a participar em desfiles com bandeiras russas e símbolos militares, a cantar músicas patrióticas como “Eu sou russo” e a declarar publicamente essa identidade. Em alguns casos, são envolvidas em atividades como a produção de mantas ou velas de trincheira para soldados russos, conta a BBC.

Como muitos professores ucranianos abandonaram estas zonas, o governo de Moscovo está a oferecer recompensas financeiras avultadas a professores russos para que se mudem para os territórios ocupados. As aulas são dadas em russo, seguindo o currículo oficial da Federação Russa, que justifica a invasão de 2022 e retrata a Ucrânia como uma invenção ocidental hostil à Rússia.

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Várias organizações estatais russas participam neste processo de doutrinação, entre as quais se destaca a Yunarmia (Juventude Armada), ligada ao Ministério da Defesa russo, que aceita crianças a partir dos oito anos e oferece formação com objetivos militares. Existem ainda outras estruturas criadas por ordem de Vladimir Putin, como o movimento “Os Primeiros” e o centro “Guerreiro”, que organizam treinos, jogos militares e atividades de “educação patriótica”. Soldados russos visitam escolas para dar “aulas de bravura”, onde exaltam o papel das forças russas e retratam os ucranianos como neo-nazis.

Paralelamente, muitas crianças são levadas a exposições que glorificam a história militar russa e a chamada “operação militar especial”. Programas como o “4+85” já transportaram mais de 20 mil menores para a Rússia, onde participam em atividades com o intuito de “integrá-los na sociedade russa”. No entanto, a campanha vai além da propaganda: segundo o governo ucraniano, mais de 19 mil crianças foram deportadas à força para a Rússia desde o início da guerra. Estima-se que cerca de 6 mil estejam atualmente em campos de “reeducação”.

Estas ações violam o direito internacional. A Quarta Convenção de Genebra proíbe a alistamento de menores por forças ocupantes e condena qualquer forma de pressão ou propaganda sobre crianças. Em 2023, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de captura contra Vladimir Putin por deportação ilegal de crianças, acusações que o Kremlin nega. Através da guerra, a Rússia não procura apenas território, pretende também moldar as próximas gerações de ucranianos, apagando a sua cultura e identidade desde a infância.