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A reação surgiu depois de uma reportagem da TVI, emitida no sábado, dedicada ao novo livro do médico. Em nota conjunta enviada à agência Lusa, as sociedades científicas de Cardiologia, Aterosclerose e Hipertensão afirmam que apresentar tais opiniões como um “outro lado legítimo” da medicina representa “um risco de Saúde Pública”.

As três entidades recordam que as doenças cardio e cerebrovasculares são responsáveis por 26% das mortes em Portugal e sublinham que cerca de 80% desses eventos poderiam ser evitados com estilos de vida saudáveis e com a adesão à terapêutica preventiva, incluindo os medicamentos que reduzem o colesterol.

Além disso, alertam que a divulgação de “teorias pseudocientíficas” que negam o papel do colesterol nas doenças cardiovasculares — “uma das bases fundacionais do tratamento dos doentes pós-enfarte e pós-AVC [Acidente Vascular Cerebral]” — pode levar doentes a suspender terapêuticas essenciais e, consequentemente, a sofrer novos eventos cardiovasculares.

“Este é um efeito nefasto que está amplamente demonstrado nestas situações”, afirmam a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), a Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (SPA) e a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH).

Num tom crítico, reforçam ainda que “a ciência não se faz por sondagem, opinião ou palpites”, defendendo que a evidência científica é “inequívoca” quanto aos riscos associados ao colesterol elevado. “Existem já enormes problemas de adesão terapêutica que custam anualmente milhares de vidas”, alertam.

As sociedades refutam frontalmente as posições de Manuel Pinto Coelho e reiteram que todas as principais entidades mundiais — a Organização Mundial da Saúde, a Sociedade Europeia de Cardiologia e a American Heart Association — confirmam o colesterol LDL como causa direta de aterosclerose. “O perigo é real: a interrupção de estatinas, motivada por notícias pseudocientíficas, está estatisticamente associada a um aumento imediato de enfartes e AVC’s”, afirmam.

Sublinham também que “dar o mesmo peso a um consenso científico com mais de 50 anos e a uma opinião sem base científica cria uma falsa dúvida no cidadão”.

As sociedades apelam aos doentes para que não suspendam a terapêutica sem consulta médica, frisando: “A desinformação mata tanto como a doença”.

No final do comunicado, a SPC, a SPA e a SPH anunciam que irão apresentar uma queixa formal à Ordem dos Médicos, pedindo “a reposição da verdade científica”.

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