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A conversa, agora publicada no livro Leão XIV, Cidadão do Mundo, Missionário do Século XXI, lançado esta quinta-feira no Peru, citada pelo Observador, revela um pontífice cauteloso em matéria de dogma, apesar de prometer continuidade com o espírito de inclusão promovido pelo seu antecessor, o Papa Francisco.
Leão XIV, de nacionalidade norte-americana e com uma longa ligação à América Latina, rejeitou claramente qualquer mudança de posição quanto à possibilidade de ordenar mulheres diáconas, um tema debatido em recentes sínodos, afirmando que não prevê "nenhuma alteração no ensinamento da Igreja" sobre essa questão no futuro próximo.
Ainda assim, manifestou vontade de reforçar o papel das mulheres em posições de liderança dentro da estrutura eclesial, em linha com o que foi iniciado pelo Papa Francisco.
Quanto à inclusão de fiéis LGBT+ na vida da Igreja, o Papa reconheceu tratar-se de uma matéria "muito delicada e fracturante". Embora se tenha mostrado favorável a uma Igreja aberta a “todos, todos, todos”, ecoando as palavras de Francisco, recusou qualquer revisão das normas doutrinais relativas ao casamento, deixando claro que a instituição continuará a defender a visão tradicional da família, composta por “pai, mãe e filhos”.
“Todos são bem-vindos”, declarou, “mas o convite não é feito com base na identidade de cada um. O importante é não acentuar divisões dentro da Igreja.”
A publicação surge num momento em que a Igreja continua a enfrentar tensões internas entre correntes conservadoras e progressistas. Quatro meses após a sua eleição, Leão XIV posiciona-se como um mediador prudente, evitando confrontos diretos com sectores mais tradicionais.
No início deste mês, o Papa reuniu-se em privado com o padre James Martin, conhecido pelo seu trabalho pastoral com católicos LGBT+, mas evitou qualquer referência pública aos cerca de 1.400 fiéis LGBT+ que participaram recentemente numa peregrinação jubilar.
Apesar de seguir uma linha mais reservada, Leão XIV parece querer manter alguns dos avanços de Francisco em matéria de representatividade e inclusão social, sem mexer nos fundamentos doutrinais.
O Papa Francisco, falecido em abril deste ano aos 88 anos, ficou conhecido pelas reformas pastorais e pela sua insistência numa Igreja mais acolhedora — atitudes que, por vezes, provocaram forte oposição dentro da própria hierarquia, especialmente após permitir bênçãos a casais do mesmo sexo no final de 2023.
Ao contrário do seu antecessor, Leão XIV parece querer acalmar as águas e recentrar o discurso na unidade e na estabilidade, procurando não alienar os sectores mais conservadores num momento de transição delicada para a Igreja Católica.
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