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Na prolongada noite eleitoral das eleições autárquicas deste 12 de outubro, vários foram os longos e acérrimos duelos pela conquista da cadeira mais desejada nos paços do concelho em todo o território. A cadeira de presidente da câmara municipal.

Freguesia a freguesia, voto a voto, contagem a contagem, urna a urna, até à última gota, Lisboa não destoou da tónica de disputa férrea entre as forças políticas a escrutínio nas mais desejadas urbes de Portugal.

Carlos Moedas, o incumbente, encabeçou a coligação “Por Ti Lisboa”, ganhou a Alexandra Leitão, desafiadora, a face da “Viver Lisboa”.

Moedas permanece mais quatro anos a liderar na Praça do Município e vence a autarquia, pela segunda vez que se apresentou a votos.

Mas não foi fácil derrotar quem contra ele concorreu, apesar, desde logo cedo, antecipar-se essa realidade. A gestão da contabilidade e a digestão da contagem (para ver se conseguiria mais um vereador) demorou mais de quatro horas, desde as primeiras projeções, às 20h00, até ao discurso final de Carlos Moedas.

Moedas
Moedas

A vitória surgiu já no dia seguinte, às 1h50m, mais de uma hora após o reconhecimento de derrota por parte da coligação liderada por Alexandra Leitão.

No filme de suspense do ato eleitoral, a “Coligação Por Ti Lisboa”, formada por PPD-PSD, CDS-PP e Iniciativa Liberal, residente nos Paços de Concelhos, tinha, à partida, esta vantagem política de ser o desafiado.

O desafiador, “Viver Lisboa”, que juntou Partido Socialista, PAN, Livre e Bloco de Esquerda, tentava reconquistar a cidade que tinha perdido em 2021, por pouco mais de dois mil votos. Desta vez, perdeu por mais. Por 30 mil.

Alexandra Leitão entra sozinha no antigo cinema Roma para um final antecipado

O 24noticias percorreu o roteiro das sedes das duas forças que se confrontaram em Lisboa, que além de ser a capital, costuma ter o toque de Midas de transformar presidentes de câmara em primeiros-ministros e presidentes da República.

O primeiro olhar foi para o quartel-general da coligação “Viver Lisboa”. O Fórum Lisboa, outrora uma das mais prestigiadas salas de cinema da cidade de Lisboa (Cinema Roma), foi o local escolhido.

Às 19h35, a antiga líder parlamentar do Partido Socialista, entre 2024 e 2025, Ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública (2019 e 2022) e Secretária de Estado Adjunta e da Educação (2015 e 2019) chegou, à boleia, ao espaço, hoje também reservado à Assembleia Municipal da Câmara Municipal de Lisboa.

Saíu do carro, sozinha e a passo curto, vestida em tons de preto,  dirigiu-se, vagarosamente para a entrada para responder às primeiras perguntas dos jornalistas que a esperavam. A intervenção, curta, foi acompanhada de aplausos, não muito efusivos, vindos de meia dúzia de pessoas que a esperavam e logo a rodearam para registo das câmaras televisivas. Um conforto à solidão da candidata.

O espaço, o interior do Fórum, adquirido pela autarquia em 1997, divide-se em três partes. À direita da entrada, numa zona lateral, um púlpito montado para as primeiras declarações aos jornalistas. Ao centro, 700 lugares, cadeiras vazias, onde no prolongamento do palco estavam mesas destinadas à comunicação social. Essas mesmas cadeiras, viriam, mais tarde, por altura dos discurso final de Leitão, a receber alguns apoiantes. Por fim, neste tríptico, à esquerda do amplo foyer, uma mão cheia de mesas para apoiantes. Ao fundo da sala, écrans gigantes sintonizadas nas televisões de forma a quem lá esteve acompanhasse a noite eleitoral. A meio da sala, tabuleiros de buffet para alimentar a esperança numa vitória.

Ao pedido do 24notícias de um café para uma mesa, então, vazia, a resposta de quem explora o espaço de restauração era a promessa de cerveja e comida a ser consumida noite dentro.

Uma ambição logo refreada às primeiras projeções nacionais. Às 20h00, na abertura dos telejornais, imperou o silêncio. Na sala, e no exterior, no terraço térreo em anexo.

Como se uma sessão de cinema se tratasse, parecia que as luzes se tinham apagado e dado inicio à projeção de um filme, filme esse que não viria a ter um final feliz.

moedas
moedas

No início, eram mais os microfones, câmaras e jornalistas do que apoiantes, mas o número viria a ficar mais equilibrado e a sala compôs-se. Muitos socorreram-se dos telemóveis para, voto a voto, mensagem a mensagem, fazer os últimos contactos e certificar uma contabilidade que carecia de oficial.

A candidata permaneceu durante largas horas no piso superior. Durante todo esse tempo, já adivinhando o desfecho, foram poucas as figuras de peso do principal partido da coligação Viver Lisboa, uma união que se tinha apresentado a duas forças políticas em 2021 – PS e Livre - a que se juntou em 2025 o PAN e o BE.

Passaram pelo Fórum Lisboa João Costa, ex-ministro da Educação, Graça Fonseca, antiga ministra da Cultura e o ex-Secretário de Estado da Justiça, João Tiago Fonseca e, mais tarde, também Francisco Louçã (antigo líder do Bloco).

Música e confettis num local onde já foram felizes

Hora de mudar de local. Tudo foi diferente na Avenida Fontes Pereira de Melo, na unidade hoteleira Sana, palco da anterior vitória de Moedas e amuleto da sorte do PSD e da AD, que escolheram o envidraçado hotel para sede de noite eleitoral nas legislativas.

Carlos Moedas chegou antes da mítica contagem que antecede as 20h00 e apressou-se a subir ao 10º piso, acompanhado pela família, primeiro, e  pelo diretor de campanha.

Instantes imediatos após as primeiras projeções, os apoiantes começaram a invadir o piso -2 na sala do decorada com balões azuis e amarelos.

Animados pelas primeiras declarações de António Valle, ex-chefe de gabinete de Carlos Moedas e diretor de campanha, os presente distribuíam abraços e celebravam as anunciadas vitórias a norte, Porto e Gaia.

Respirava-se vitória, um grito em uníssono anunciado às 22h20, embora a prudência pedisse que não fosse assumida logo nessa altura com pompa e circunstância.

A circulação de apoiantes era uma constante entre o interior e o exterior. Muitos jovens, vestidos com camisolas do “título”, uns com t-shirt azul e amarela, outros de algodão preto, mostravam nas costas a obra de quatro anos no executivo camarário e, à frente , a imagem de Moedas.

Moedas
Moedas

A chegada ao hotel dos presidentes das juntas de freguesia de Campolide e Campo de Ourique, antigos bastiões socialistas PS, animou, e muito, as hostes. Antevia-se que a coligação somaria mais votos. Somou. Mais 30 mil e não somente 1 voto humildemente pedido por Moedas antes das eleições.

No regresso da pausa para o jantar tardio, a afluência aumentou, mesmo registando-se a ausência de nomes de peso dos três partidos.

A informação circulava entre jornalistas e apoiantes. Carlos Moedas, que permaneceu sempre no 10.º andar, estava com o diretor de campanha e família e só desceria à boleia dos resultados oficiais.

Às 00h25, para animação local, as televisões mostravam o anúncio de derrota de Manuel Pizarro, no Porto. Na sequência, Alexandra Leitão subiu ao palco do Fórum Lisboa onde, a partir de hoje, o partido socialista será, mais uma vez, oposição, para reconhecer a derrota. Fechava-se o pano na avenida de Roma.

Escutaram-se animados gritos de “Moedas, Moedas, Moedas”. Mas Moedas não desceu. Nem subiu ao palco.

A esta altura, já a sala tinha duplicado, o que obrigou os responsáveis a alargar o espaço para a acolher uma lotação maior de apoiantes.

“Nós só queremos Moedas Presidente, Moedas Presidente”, cantava a claque.

Por esta altura, a pista de dança já tinha aberto, com clássicos como “Rebel”, de David Bowie. Havia quem aproveitasse para tirar fotografias para registar a passagem pela sede da vitória do candidato da coligação “Por Ti Lisboa”.

Luís Montenegro discursou (0h50) e a música continuou até à descida de Carlos Moedas.

“Boa noite, Lisboa”, gritou como se de um artista se tratasse. “Obrigado, Lisboa”, exclamou. Curtas palavras e uma promessa. “Ninguém vai esquecer esta noite. Pelo meio, uma graçola que envolveu o apelido e os votos. “Os lisboetas querem mais moedas”, bradou. Deram “30 mil”, continuou, na analogia com a votação recebido em 2025, em comparação com 2021.

O DJ de serviço serviu “I gotta a feeling”, dos Black Eyed Peas, para reforçar o discurso vitorioso.

“Estamos prontos ou não estamos prontos?”, questionou Carlos Moedas. Repetiu. “Vamos cantar, vamos cantar. É isto”, concluiu um sorridente e feliz reeleito presidente de Câmara.

Fim de noite. Início de um novo mandato em Lisboa, com o mesmo inquilino de 2021.

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