O que aconteceu?

Uma grávida perdeu o bebé após ser encaminhada para hospital a mais de uma hora de distância da sua residência. A mulher de 38 anos perdeu o bebé após ser encaminhada para o hospital de Cascais, depois de não conseguir ser atendida pela Saúde 24.

A mulher estava grávida de 31 semanas e ligou para a linha de Saúde 24, quando não sentia o bebé, mas não foi atendida. Contatou depois o 112 e, ao chegarem ao local, os bombeiros constataram que a mulher estava com hemorragias.

Acabou por ser transportada para o hospital de Cascais porque as urgências obstétricas de todos os hospitais da Margem Sul estavam fechadas. Quando lá chegou, o bebé já estava sem vida.

Este é o primeiro caso?

Não. Em junho, uma outra grávida perdeu o bebé pouco tempo após o nascimento, depois de ter ido a cinco hospitais em 13 dias.

A mulher revelou que terá ido pela primeira vez ao hospital a 10 de junho, depois de ligar para o SNS24, queixando-se de dores intensas, tendo sido encaminhada para o hospital de Setúbal. Posteriormente, a 16 de junho, realizou novo contacto para o SNS24, tendo sido reencaminhada para o hospital do Barreiro, onde voltou a realizar exames. A 19 de junho, a utente deu entrada no Hospital Garcia de Orta, com 40 semanas e 3 dias de gestação.

No dia 23 de junho, treze duas após a primeira chamada, a grávida, com 41 semanas, deslocou-se às urgências do hospital de Cascais. Sem vaga para internamento, a mulher foi transportada para o Hospital de Santa Maria. Realizou uma cesariana e o bebé acabou por morrer.

O que o SNS diz destes dois casos?

No que diz respeito ao primeiro, da grávida de 41 semanas, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde garantiu que a mulher "terá sido avaliada de forma atempada".

Em comunicado, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) explicou que em todos os hospitais onde foi observada, a grávida "terá sido avaliada de forma atempada por profissionais de saúde qualificados, submetida aos exames e avaliações considerados necessários, tendo recebido as orientações consideradas adequadas".

A DE-SNS fez “uma avaliação preliminar do percurso assistencial” da mulher, sem divulgar detalhes “por respeito e em cumprimento das normas aplicáveis à confidencialidade clínica e à privacidade da utente”.

“Da análise efetuada, e sem prejuízo das auditorias internas em curso nas Unidades, apurou-se que, em todos os momentos, terá sido garantido o acesso aos cuidados de saúde dentro dos parâmetros assistenciais definidos para o atendimento, e que a utente terá sido devidamente referenciada para os serviços de urgência”, sustentou.

Quanto a este caso mais recente, o Ministério da Saúde negou que tenha sido recusada assistência à grávida que perdeu o bebé, assegurando que a utente foi acompanhada por um médico do INEM durante o trajeto entre o Barreiro e Hospital de Cascais.

“Em todos os momentos foi garantido o acesso aos cuidados de saúde, concluindo-se que a resposta prestada à utente quer pela Linha grávida do SNS, quer pelo INEM foi congruente com os protocolos de referenciação e de acesso em vigor”, assegura o ministério em comunicado.