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As moléculas foram desenhadas átomo a átomo por sistemas de IA generativa, capazes de identificar padrões entre estruturas químicas e o impacto que estas têm sobre diferentes espécies bacterianas. Ao contrário de estudos anteriores, que se limitavam a analisar bases de dados de compostos já conhecidos, esta investigação explorou mais de 36 milhões de combinações possíveis, incluindo substâncias que não existem ou nunca tinham sido descobertas, avança a BBC.
O processo eliminou candidatos demasiado semelhantes a antibióticos existentes, bem como compostos potencialmente tóxicos ou sem aplicação médica. Dos 80 tratamentos teóricos para a gonorreia gerados pela IA, apenas dois foram sintetizados para testes, que revelaram eficácia tanto em culturas bacterianas como em modelos animais.
Apesar do potencial, investigadores alertam que estas substâncias ainda necessitam de um a dois anos antes de poderem iniciar ensaios clínicos. “A IA pode permitir-nos criar moléculas de forma barata e rápida, expandindo o nosso arsenal e dando-nos vantagem na luta contra as superbactérias”, afirmou o professor James Collins, do MIT, ao canal britânico.
Especialistas como Andrew Edwards, do Imperial College London, consideram o trabalho “muito significativo” e uma “abordagem inovadora” na descoberta de antibióticos, mas lembram que a segurança e eficácia em humanos continuam a exigir longos e dispendiosos processos de teste.
O estudo, publicado na revista Cell, surge num contexto de crescente resistência a antibióticos, responsável por mais de um milhão de mortes anuais, e num cenário em que há décadas não se assiste a uma vaga significativa de novos fármacos, algo que a equipa do MIT acredita que a IA pode ajudar a mudar, dando início a uma “segunda era dourada” na descoberta de antibióticos.
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