Segundo dados da Universidade Johns Hopkins, a que a CNN internacional teve acesso,  já houve 1.277 casos confirmados até junho, ultrapassando o recorde anterior de 2019 (1.274 casos). Especialistas alertam que o número real pode ser ainda mais elevado, dado que muitos casos não estão a ser reportados.

O surto atual começou num grupo com baixa taxa de vacinação no oeste do Texas, especialmente no condado de Gaines, onde quase 1 em cada 4 crianças do jardim de infância não recebeu a vacina obrigatória MMR (sarampo, papeira e rubéola). Esta região já registou mais de 400 casos em 2025. Se o surto continuar até janeiro de 2026, os EUA arriscam perder o estatuto de eliminação do sarampo.

Além do Texas, estados vizinhos como Novo México, Oklahoma e Kansas também foram afetados. O surto espalhou-se por 38 estados e causou três mortes nos EUA (duas crianças no Texas e um adulto no Novo México), todas em pessoas não vacinadas.

Em resposta, foram criadas clínicas de vacinação de emergência e alargadas as recomendações de vacinação, permitindo que bebés sejam vacinados a partir dos 6 meses (em vez de 12). No Texas, a taxa de vacinação em bebés de 6 meses aumentou oito vezes face a 2019.

Contudo, a taxa nacional de vacinação continua abaixo dos 95% recomendados para prevenir surtos, pelo quarto ano consecutivo. No ano letivo 2023-24, mais de 125.000 crianças nos EUA começaram a escola sem a vacinação obrigatória, e o número de isenções por razões pessoais ou religiosas atingiu um valor recorde.

A maioria dos casos ocorreu em pessoas não vacinadas (cerca de 92%), e 28% dos infetados são crianças com menos de 5 anos. O sarampo é extremamente contagioso, mas a vacina MMR é altamente eficaz: 93% de proteção com uma dose e 97% com duas.

Apesar da gravidade do surto, o governo federal enfrenta críticas por falta de liderança na área da saúde pública: o CDC está sem diretor, e o secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., conhecido pela sua oposição às vacinas, dissolveu recentemente o painel de especialistas em vacinação que aconselhava o governo, gerando alarme entre os profissionais de saúde.

A combinação de desinformação, queda nas taxas de vacinação e ausência de liderança clara está a colocar os EUA numa situação crítica em relação ao sarampo, uma doença que já havia sido controlada há 25 anos.