As autoridades militares dinamarquesas confirmaram que os drones sobrevoaram diversas instalações, mas recusaram-se a divulgar mais detalhes. A polícia referiu que entre um e dois drones foram detetados por volta das 19h15, nas imediações e sobre a base de Karup, a maior do país, onde estão concentrados todos os helicópteros das forças armadas, operações de vigilância aérea, escola de aviação e diversas funções de apoio.
De acordo com o site oficial das forças armadas, a base de Karup acolhe ainda parte do comando da defesa nacional.
O porta-voz da polícia, Simon Skelkjaer, explicou que não foi possível identificar a origem dos aparelhos e que estes não chegaram a ser neutralizados, citado pelo The Guardian. Confirmou ainda que está em curso uma investigação conjunta entre a polícia e os militares.
A base aérea partilha as suas pistas com o aeroporto civil de Midtjylland, que teve de ser temporariamente encerrado por precaução. No entanto, nenhuma operação foi afetada, uma vez que não estavam previstos voos naquele horário.
Desde o início da semana têm sido registados diversos avistamentos de drones em território dinamarquês, o que já levou ao encerramento temporário de vários aeroportos. Também noutros países europeus, como a Noruega, Polónia, Roménia e Estónia, foram reportados incidentes semelhantes, incluindo violações do espaço aéreo por caças russos.
A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, afirmou na quinta-feira que o país tem sido alvo de “ataques híbridos” nos últimos dias. Embora ainda não haja identificação clara dos responsáveis, o ministro da Defesa, Troels Lund Poulsen, sublinhou que os voos parecem ter sido “orquestrados por um agente profissional”.
Frederiksen foi mais direta nas acusações: “Há um país, acima de todos os outros, que representa uma ameaça à segurança da Europa, e esse país é a Rússia.”
Por sua vez, Moscovo rejeitou categoricamente qualquer envolvimento e, através da sua embaixada em Copenhaga, classificou os acontecimentos como “uma provocação encenada”.
O ministro da Justiça dinamarquês, Peter Hummelgaard, reforçou que o objetivo destes atos é claro: “Criar medo, divisão e insegurança entre a população.”
Estes incidentes surgem dias após a Dinamarca ter anunciado a aquisição, pela primeira vez, de armamento de precisão de longo alcance, justificando essa decisão com a ameaça russa, que “deverá manter-se durante os próximos anos”.
Hummelgaard adiantou ainda que Copenhaga irá reforçar a sua capacidade de deteção e neutralização de drones.
Na sexta-feira, ministros da Defesa de 10 países da União Europeia chegaram a acordo para tornar prioritária a criação de uma “barreira de drones” nas fronteiras da UE. O comissário europeu para a Defesa, Andrius Kubilius, afirmou que o continente deve agir rapidamente:
“Precisamos de nos mover com rapidez e aprender com a experiência da Ucrânia. A construção desta parede de drones deve ser feita em conjunto com a Ucrânia”, disse à AFP.
Copenhaga acolherá esta semana, na quarta e quinta-feira, uma cimeira europeia com chefes de governo. Para garantir a segurança do evento, o governo dinamarquês aceitou a oferta da Suécia de fornecer tecnologia anti-drones.
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