Maria das Dores Meira está agora a ser investigada pelo Ministério Público e incorre no crime de peculato, depois de ter utilizado o cartão de crédito da Câmara de Setúbal para pagamentos suspeitos que ultrapassam os 100 mil euros.
De acordo com o relatório da auditoria, que o 24notícias teve acesso, existiu uma grande acumulação de ajudas de custo com despesas pagas pelo cartão de crédito da autarquia, por parte de Dores Meira, que esteve à frente desta autarquia entre 2006 e 2021.
As principais despesas, revela o documento, dizem respeito a viagens ao exterior, onde a ex-autarca recebia mensalmente 1100 euros de despesas de representação.
"Existiram várias viagens em que foram efectuadas despesas no estrangeiro e ao mesmo tempo a presidente apresentou boletins de ajudas de custo, totalizando despesas de cartão de crédito de 23.885 euros e ajudas de custo de 8812 euros”, diz a auditoria, que revela detalhes de outras viagens.
"De 1 a 7 de Setembro de 2019, houve uma viagem ao Senegal no âmbito do Clube das Mais Belas Baías do Mundo, em que apresentou o boletim de ajudas de custos da respectiva viagem e, cumulativamente, existiram várias despesas efectuadas com o cartão bancário”, dão como exemplo.
Mas as despesas a mais não se terão ficado apenas pelo exterior, como também em Portugal.
"Foram registados gastos em portagens, parques de estacionamento e ferries nas viaturas do município, no distrito de Setúbal, sendo que no mesmo período a presidente auferiu rendimentos, pagos pelo município, pelas deslocações realizadas, em viatura própria totalizando gastos de Via Verde de 1 554 euros e despesas de ajudas de custos de 27. 319 euros”, dizem, salientando depois que "existe uma diferenca de 18788.48EUR entre as ajudas de custos apresentadas nos recibos de vencimento entre 2017 e 2021 da Presidente Maria das Dores Meira e os respetivos boletins de ajudas de custos desses meses. Isto é, foram pagas despesas com ajudas de custo nos recibos de vencimento que não foram devidamente documentadas".
Maria das Dores Meira, entretanto, diz desconhecer a auditoria para a qual não foi ouvida e estranha que seja divulgada a um mês das eleições.
"Desconheço a dita auditoria e o seu resultado. Não me foi facultada, nem sequer fui ouvida na mesma. Muito menos me foi dado acesso ao processo ou a possibilidade de verificar a transparência do mesmo. Estranho que uma “auditoria” que vise apenas a minha pessoa saia a trinta dias das eleições autárquicas. E pergunto: quem beneficia desta divulgação em plena campanha autárquica? Por que razão esta auditoria não abrange todos os eleitos e mandatos autárquicos? E porque não foi feita por uma empresa de auditoria de renome no mercado? Estranho ainda mais que haja uma auditoria especulativa sobre a minha idoneidade, já que uma auditoria não julga nem se substitui aos tribunais. As alegações que são feitas têm um objetivo político. Esta auditoria é a continuação da perseguição política que teve o seu início quando anunciei que seria candidata à Câmara Municipal de Setúbal. Serve apenas para me visar e perseguir politicamente. É uma tentativa de assassinato de carácter, por parte dos meus opositores políticos, para tentarem tirar vantagens eleitorais. Não me revejo nesta forma cobarde de fazer política. E, para a cobardia, existe apenas uma resposta: o trabalho honesto, digno e transparente", lê-se em nota enviada à TVI.
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