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Nikki Gooding, enfermeira estética de 27 anos, começou a sentir-se estranhamente cansada no início de dezembro, mesmo dormindo o suficiente. Perdeu o apetite e acordava encharcada de suor durante a noite. Apesar de não conseguir identificar a causa, algo no seu corpo não estava bem.
Foi então que o seu Oura Ring, um anel inteligente que monitoriza a saúde e oferece uma visão “holística” do estado físico do utilizador, começou a enviar alertas incomuns. A temperatura de Nikki estava consistentemente elevada, fora dos padrões habituais, e o dispositivo indicava sinais de “problemas sérios” a afetar o corpo.
Algumas semanas depois, a enfermeira descobriu um nódulo na nuca e decidiu consultar o seu médico de família. Foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin.
“Como enfermeira, pensei que não fosse nada de grave, talvez um vírus. Mas o anel mostrou que algo estava realmente errado”, disse Nikki. A tecnologia validou os sinais do seu corpo e ajudou-a a levar a condição mais a sério.
Após partilhar a sua experiência no TikTok, a enfermeira recebeu dezenas de comentários de utilizadores de dispositivos de monitorização de saúde que afirmavam ter sido alertados para gravidez, coágulos sanguíneos ou infeções, incluindo Covid-19. O paralímpico Hunter Woodhall também creditou ao seu Oura Ring a deteção precoce de apendicite.
Quase um em cada três americanos utiliza algum tipo de monitor de saúde, segundo a CNN. Estes dispositivos avançados medem níveis de oxigénio no sono, stress, temperatura corporal, ciclos menstruais, variabilidade da frequência cardíaca e até glicose, oferecendo uma visão científica do estado físico que vai muito além dos contadores de passos e calorias tradicionais.
Sharon Bergquist, professora na Emory University School of Medicine, afirma que alguns pacientes chegam ao consultório após receberem alertas do seu dispositivo, que podem indicar arritmias ou distúrbios do sono antes de surgirem sintomas visíveis. No entanto, alerta para falsos alarmes, como inconsistências no sono, que nem sempre têm relevância clínica.
Apesar das limitações, os dispositivos ajudam os utilizadores a perceber hábitos internos e a promover mudanças de estilo de vida, embora não substituam a experiência clínica.
Anna Kirkland, professora da University of Michigan, acrescenta que a tecnologia dá a ilusão de controlo sobre a saúde, mas que fatores externos, como condições económicas, acesso a alimentação saudável ou espaços seguros para exercício, também são determinantes.
Nikki Gooding começou por usar o anel para monitorizar o ciclo menstrual, mas acabou por descobrir problemas graves de saúde. Mesmo durante a quimioterapia, os dados do Oura Ring continuam a validar a sua perceção do corpo.
“Não substitui a necessidade de um profissional de saúde, mas é uma ferramenta útil”, conclui.
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