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O alerta de que a água da torneira pode ser perigosa já corre nos media franceses. O pânico gerou uma corrida desenfreada à água engarrafada, e as autoridade enviaram uma carta com especial atenção dirigida às grávidas, bebés, mulheres a amamentar e pessoas imunodeprimidas, para quem a água da torneira passaria a estar proibida.
60 mil residentes de 11 freguesias receberam o aviso na região de Saint-Louis, palco da maior proibição de água da torneira jamais decretada em França. Segundo o The Guardian, os testes revelaram concentrações de Pfas quatro vezes acima do limite recomendado — substâncias associadas a cancro, problemas imunológicos e infertilidade.
Pensa-se que a origem possa estar nm produto usado em espumas de combate a incêndios no aeroporto de Basileia-Mulhouse-Freiburg desde os anos 60, só descontinuado em 2017.
Em resposta ao jornal britânico, as autoridades locais garantiram que quase 3.000 pessoas vulneráveis vão receber um apoio único de 80€ para comprar água engarrafada. No entanto, os efeitos na saúde da população continua a ser motivo de alarme.
Sandra Wiedemann, de 36 anos, teve dois abortos espontâneos desde que se mudou para a zona e, depois da notícia, começou a questionar se há ligação com a exposição contínua aos Pfas.
Os Pfas são usados em utensílios de cozinha, vestuário impermeável, embalagens e equipamentos eletrónicos, e resistem à degradação. Já foram detetados no sangue da maioria da população mundial e acumulam-se tanto no corpo humano como na fauna aquática.
"Desconfiança" e incerteza
Apesar de as autoridades francesas já terem identificado concentrações elevadas em 2017, os dados não foram divulgados publicamente até 2023, quando os responsáveis locais foram informados.
“Confiávamos na água. Essa confiança foi quebrada”, confessa Bruno Wollenschneider, líder de uma associação local, que exige que o aeroporto assuma os custos de 20 milhões de euros pela instalação de sistemas de filtragem.
Como resposta a esta problemática, a União Europeia vai impor limites legais de 0,1 microgramas por litro de água para Pfas a partir de janeiro de 2026. Mais de 2.300 locais na Europa já excedem este valor. O que se passa em Saint-Louis poderá repetir-se em larga escala.
Enquanto isso, cresce a pressão para eliminar por completo os Pfas e responsabilizar os poluidores. Para muitos, Saint-Louis não é um caso isolado, mas sim o primeiro sinal de uma crise ambiental e de saúde pública europeia em crescimento.
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