
"Em face destas graves irregularidades, a Renamo exige a anulação, uma auditoria ao recenseamento eleitoral e realização de um novo que seja imparcial e isento de manipulação e vícios por forma a garantir eleições livres, justas e transparentes", anunciou o porta-voz, José Manteigas, em conferência de imprensa, em Maputo.
O recenseamento antecedeu as eleições autárquicas marcadas para 11 de outubro.
"Convocamos desde já todos os moçambicanos para que se juntem à nossa luta e voz, agindo energicamente contra esta tentativa de matar a democracia e perpetuar a ditadura, porque aceitar este recenseamento eleitoral será aceitar a fraude eleitoral e hipotecar o nosso futuro", acrescentou.
Manteigas acusou diretamente a Frelimo, partido no poder, de promover registos ilegais e bloquear o acesso ao cartão de eleitor a numerosas pessoas que faziam filas nos postos em zonas tradicionalmente favoráveis à oposição.
"Infelizmente, a Frelimo comportou-se, como sempre, contra todos os princípios da democracia e da convivência política pacífica", resumiu, acusando alguns diretores do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), brigadistas e agentes da polícia de cumplicidade.
Segundo a Renamo, o STAE agiu "de forma deliberada e a mando do partido Frelimo", criando "menos postos de recenseamento nas zonas de maior influência da oposição, com destaque para as regiões centro e norte do país, com o objetivo de recensear menos cidadãos".
"Sob ordens da Frelimo, foram roubados 'mobiles' (conjuntos de equipamento para o recenseamento), cujos implicados ou não foram identificados ou continuam impunes", denunciou José Manteigas, fazendo referência a vários casos concretos testemunhados pelos representantes da Renamo.
O porta-voz do principal partido da oposição considerou que "as manobras de manipulação do recenseamento eleitoral puseram em causa de forma grave o direito fundamental dos cidadãos de elegerem e serem eleitos, bem como colocaram em causa a soberania dos moçambicanos".
Os 45 dias de recenseamento eleitoral em Moçambique foram marcados por denúncias de irregularidades por partidos e organizações não-governamentais moçambicanas, além da suspensão de alguns responsáveis por alegados crimes no processo.
Apesar das queixas, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou no sábado que o total de eleitores recenseados é suficiente para a realização de eleições autárquicas credíveis em 11 de outubro.
O STAE estima que tenham sido registados 8,3 milhões de eleitores.
Nas autárquicas de 2018, a Frelimo, partido no poder desde a independência, venceu em 44 das 53 autarquias, a Renamo, principal partido da oposição, ganhou em oito e o MDM ficou na liderança de uma (cidade da Beira).
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