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Casos críticos reacendem a polémica

O mais recente episódio a desencadear indignação pública envolve um homem de 49 anos que, segundo relatos iniciais, terá aguardado mais de cinco horas pela transferência do Hospital da Covilhã para os Hospitais da Universidade de Coimbra, num cenário de traumatismo craniano grave. O transporte foi realizado pela Força Aérea, levantando dúvidas sobre a capacidade de resposta do INEM.

Dois dias depois, o ministro da Defesa, Nuno Melo, veio desmentir o relato, afirmando que o processo demorou "apenas 2h15", incluindo o tempo de espera do doente. A polémica, no entanto, estava longe de terminar.

A juntar-se a este caso, surgiram relatos de duas grávidas que perderam os bebés após enfrentarem urgências de ginecologia/obstetrícia encerradas. As falhas repetidas no sistema de emergência e na resposta hospitalar voltaram a lançar o país num debate tenso sobre o estado do SNS.

Deputados exigem responsabilidades políticas

As reações políticas foram imediatas. A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, foi clara: “O primeiro-ministro tem de demitir a ministra da Saúde. Tem de assumir responsabilidades sobre aquilo que se está a passar no SNS”. Pediu ainda uma audição parlamentar urgente de Ana Paula Martins para esclarecer as falhas do INEM.

André Ventura, líder do Chega, foi mais longe ao exigir uma auditoria completa ao INEM e consequências políticas imediatas. “O que tivemos foi a ministra a dizer que, quando chegassem os relatórios da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde, retiraria consequências. Isto não é suficiente”, acusou.

Entre os candidatos à Presidência da República, as reações variaram entre o apelo à ação e o silêncio cauteloso. António José Seguro propôs um acordo de regime entre todos os partidos, o Governo e o Presidente da República, para salvar o SNS. “É inaceitável haver tantas urgências fechadas. Os portugueses merecem consultas e operações a tempo e horas”, afirmou, defendendo um esforço político conjunto.

Luís Marques Mendes denuncia um "silêncio ensurdecedor", e defende que, mais do que demissões, "o país precisa de respostas".

Já Henrique Gouveia e Melo preferiu não comentar diretamente as falhas do INEM, elogiando, contudo, o papel da Força Aérea: “Fazem verdadeiros milagres com os meios que o Estado lhes dá”. Recusou pronunciar-se sobre o caos no sistema de emergência, por considerar que ainda não exerce funções como Chefe de Estado.

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Ministra resiste: “Estou de consciência tranquila”

Apesar da crescente contestação, a ministra Ana Paula Martins garantiu que não se demite enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro. “Não vou fugir aos problemas”, assegurou, numa tentativa de transmitir firmeza. No entanto, o seu silêncio sobre vários dos casos concretos tem sido alvo de críticas de “inércia institucional” e “falta de empatia pública”.

Governo injeta 200 milhões de euros no SNS

No meio da controvérsia, o Governo anunciou um reforço de quase 200 milhões de euros para o SNS, destinado à liquidação de dívidas vencidas há mais de 90 dias, nomeadamente em medicamentos e dispositivos médicos. A verba será canalizada para as Unidades Locais de Saúde (ULS) e para os Institutos Portugueses de Oncologia (IPO), sendo acompanhada pela Administração Central do Sistema de Saúde e pela Inspeção-Geral de Finanças.

O Executivo fala de um esforço “para garantir cuidados de saúde de elevada qualidade e acessíveis” e para assegurar os compromissos com os fornecedores. Mas, para muitos, o reforço financeiro surge tarde — e não responde ao que tem sido apontado como um colapso organizacional e humano no setor.