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O presidente Donald Trump intensificou a pressão sobre as grandes empresas farmacêuticas para que alinhem os preços dos seus medicamentos nos EUA com os valores muito mais baixos praticados noutros países.
Na quinta-feira, Trump enviou cartas a 17 CEOs dessas empresas, a exigir que estendam o modelo de “Preço de Nação Mais Favorecida” (o preço mais baixo pago por um medicamento em países semelhantes) a todos os medicamentos fornecidos aos beneficiários do Medicaid. Além disso, quer que esse preço seja aplicado também para os novos medicamentos pagos por Medicaid, Medicare e seguradoras privadas, dando às empresas um prazo de 60 dias para cumprir.
A iniciativa decorre de uma ordem executiva assinada em maio, em que Trump exigiu preços mais baixos ou advertiu que haveria consequências. Segundo a administração, os preços de alguns medicamentos nos EUA são mais do que três vezes superiores aos de países desenvolvidos. Contudo, as negociações entre o Departamento de Saúde e as farmacêuticas não geraram os resultados desejados pelo presidente, que classificou as propostas recebidas como “mais do mesmo”, ou seja, apenas deslocação de responsabilidades e pedidos de mudanças políticas que beneficiariam a indústria, avança a CNN.
Trump avisou que, se as empresas não cooperarem, irá usar “todas as ferramentas ao seu alcance” para proteger os consumidores norte-americanos contra práticas abusivas de preços, afirmando que os americanos exigem preços mais baixos imediatamente. A ordem executiva também prevê medidas como a criação de regras para impor os novos preços, permitir maior importação de medicamentos, rever as exportações e até modificar ou revogar aprovações da FDA para medicamentos considerados inseguros ou ineficazes.
Por outro lado, a indústria farmacêutica advertiu que tais exigências podem prejudicar a investigação e desenvolvimento, e alertou que a China poderá ultrapassar os EUA no domínio biofarmacêutico. Representantes do setor afirmam que impor controles de preço estrangeiros pode minar a liderança americana e que é mais eficaz lidar com intermediários no sistema de saúde e pressionar países estrangeiros a pagarem uma parte justa.
As ações de várias farmacêuticas, como Eli Lilly, Merck e Johnson & Johnson, caíram entre 1,5% e quase 5% após as cartas. No entanto, especialistas em política de saúde alertam que Trump não tem autoridade legal nem ferramentas regulatórias para impor os preços de “Nação Mais Favorecida”. O governo poderia tentar um teste obrigatório nos programas Medicare e Medicaid, mas isso provavelmente enfrentaria ações judiciais.
Na prática, a pressão pública de Trump coloca as empresas numa situação complicada, forçando-as a agir voluntariamente para evitar sanções legais ou ataques governamentais. No entanto, o resultado pode ser aumento dos preços ou atrasos na disponibilidade de medicamentos em outros países, sem que a maioria dos americanos veja redução nos preços que pagam.
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