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A partir de sábado, ser membro da organização Palestine Action ou expressar apoio à mesma passou a ser um crime, punível com até 14 anos de prisão.

A nova medida não impediu que mais de duas dezenas de pessoas se reunissem junto à estátua de Mahatma Gandhi, na Praça do Parlamento, em Londres, empunhando cartazes de apoio ao grupo. Sue Parfitt, uma sacerdotisa reformada, segurava um cartaz com a frase: "Oponho-me ao genocídio. Suporto a Palestine Action".

Sentada numa cadeira de campismo, rodeada por outros manifestantes, a antiga sacerdotisa desafiou a lei, em defesa da paz. Enquanto era levada pela polícia, qualificou a proibição como "um completo disparate", acrescentando que simboliza "uma perda de liberdades civis neste país".

A detenção de Parfitt gerou uma onda de indignação nas redes sociais. Um utilizador descreveu o caso como “o avanço do autoritarismo e a repressão à liberdade de expressão e de opinião”, enquanto outro questionava se agora seria ilegal chamá-la de “heroína”, cita o Middle East Eye.

“[A sacerdotisa] é contra o genocídio — e isso não é crime”, reforçou Jerry Hicks, um amigo de Parfitt que exigiu a sua libertação.

Em resposta, o comissário Sir Mark afirmou que os agentes prenderam os manifestantes "com muito cuidado", entre os quais estavam, além da religiosa, um professor emérito e vários profissionais de saúde.

Em entrevista à BBC, o responsável acrescentou que "a lei não tem limite de idade, quer se tenha 18 ou 80 anos. Se está a apoiar organizações proibidas, a lei será aplicada. Os agentes, como se pode ver, agiram com cuidado e tentaram preservar a dignidade da pessoa, mas estão a violar uma lei grave."

Segundo Sir Mark, nos últimos 18 meses, o grupo foi acusado de cometer "crimes realmente graves", alguns dos quais estão a ser julgados em tribunal.

Numa carta dirigida à Ministra do Interior, os manifestantes afirmaram: "Não desejamos ir para a prisão nem ser rotulados com uma condenação por terrorismo, mas recusamo-nos a ser silenciados pela vossa ordem."

De acordo com o The Guardian, especialistas da ONU, grupos de defesa das liberdades civis, figuras do meio cultural e centenas de advogados condenaram a proibição, classificando-a como excessiva, ao estabelecer um precedente perigoso que confunde protesto com terrorismo.

A decisão de proibir a organização foi anunciada depois de dois aviões Voyager terem sido pulverizados com tinta vermelha na base da RAF Brize Norton, em Oxfordshire, no dia 20 de Junho, segundo a BBC. Segundo a polícia, os danos causados ascenderam a cerca de 7 milhões de libras.

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Os deputados votaram a favor da legislação que classifica o grupo Palestine Action como uma organização terrorista na sexta-feira. A Ministra do Interior, Yvette Cooper, descreveu anteriormente o grupo como "vergonhoso" e destacou o seu "longo historial de danos criminais inaceitáveis".

Com esta medida, a Palestine Action torna-se o primeiro grupo de protesto de acção directa a ser proibido ao abrigo da Lei do Terrorismo, sendo colocado na mesma categoria que o Estado Islâmico, a al-Qaida e o grupo de extrema-direita National Action.