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Figura conhecida do governo de Pedro Passos Coelho, onde assumiu a pasta da Economia entre 2011 e 2013, destacou-se por defender reformas estruturais durante o período da troika. Desde então, afastou-se da política ativa, mas tem mantido uma presença constante no debate económico internacional.

Álvaro Santos Pereira nasceu em Viseu, em 1972.

É licenciado em Economia pela Universidade de Coimbra e tem um doutoramento na mesma matéria pela Universidade Simon Fraser, em Vancouver, Canadá, onde também leccionou Desenvolvimento Económico e Política Económica. Foi também professor visitante na Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.

Entre 2004 e 2007, foi docente de Economia Europeia e Desenvolvimento Económico no departamento de Economia da Universidade de Iorque, no Reino Unido.

É também autor de vários livros como "Portugal na Hora da Verdade", "O medo do Insucesso Nacional" e "Os Mitos da Economia Portuguesa".

Esta quinta-feira, o nome do economista foi oficialmente anunciado, em conferência de imprensa.

Em entrevista recente ao semanário, Santos Pereira afirmou estar “muito feliz na OCDE” e disse gostar “muito do que faço”, recusando responder diretamente a questões sobre o mandato de Centeno. Defendeu, no entanto, a importância da independência dos bancos centrais: “Para os bancos centrais terem impacto e serem garantes da estabilidade financeira, bancária e de preços tem de haver independência. […] O Banco Central não pode ser político, tem de ser independente e técnico.”

Apesar de afirmar que não pretende regressar à política, deixou clara a sua posição contra extremismos: “Não vejo nada de bom no nosso país se tivermos os populistas no poder.”

Em matérias como imigração, demonstrou estar em sintonia com a visão atual do governo, defendendo que esta deve continuar, mas de forma regulada, e com prioridade para cidadãos de países com laços linguísticos e culturais com Portugal.

Álvaro Santos Pereira só deverá entrar em funções em setembro, após audição no Parlamento.

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Os outros nomes que estavam em cima da mesa

Entre os restantes nomes mencionados estava, figuras de relevo na academia e no setor financeiro, como Sérgio Rebelo, economista formado nos EUA, com doutoramento pela Universidade de Rochester e experiência como consultor de instituições como o Banco Mundial, Comissão Europeia, FMI, BCE, McKinsey Global Institute e Goldman Sachs. Também Luís Cabral, docente na Universidade de Nova Iorque, surgiu entre os potenciais perfis.

A estes juntaram-se outros nomes com forte peso no sistema financeiro português, como Vítor Bento, António Ramalho, Luís Máximo dos Santos e, mais recentemente, Carlos Tavares, todos mencionados como possíveis sucessores de Centeno.

Sobre a ponderação de Vítor Gaspar e Ricardo Reis, tudo indica que ambos terão recusado o convite do governo. Segundo o Negócios, Vítor Gaspar terá já aceitado um lugar noutra instituição, após deixar o Fundo Monetário Internacional, em novembro.

O Jornal Económico avança que João Cabral dos Santos, quadro da Reserva Federal (Fed) de Nova Iorque, nunca chegou a ser convidado.

O legado de Mário Centeno

Apesar de não renovar a confiança em Centeno, o primeiro-ministro fez questão de enaltecer o seu percurso. Em declarações à RTP, sublinhou: “Para que não haja nenhuma dúvida, o doutor Mário Centeno reúne todos os requisitos para ser governador do Banco de Portugal, isso não está em causa.”

Já o atual ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, foi desde o início contrário à recondução de Centeno no cargo.

Esta nomeação tem ainda um novo enquadramento legal: a legislação em vigor desde 2020 estabelece um período de três anos de afastamento para quem tenha desempenhado funções em instituições bancárias antes de assumir o cargo de governador do BdP, precisamente para reforçar a independência do regulador. Esta será a primeira nomeação feita com base nessa regra.

O perfil do futuro governador será determinante no posicionamento de Portugal dentro do Banco Central Europeu, nomeadamente no Conselho de Governadores, onde se decidem as linhas da política monetária. A escolha passa também por uma opção estratégica: entre um perfil mais rígido ou mais flexível.