
Segundo o Jornal Público, as gravações de escutas ouvidas esta terça-feira na sala de audiências do Campus da Justiça, em Lisboa, dão uma ideia do relacionamento entre José Sócrates e Ricardo Salgado. No final de 2013, o ex-chefe do Governo não só trata o banqueiro num telefonema por “meu querido amigo” como lhe diz ainda que já tem saudades de estar com a mulher deste, Maria João Salgado.
Em tribunal, Sócrates explicou a relação: “não era meu amigo, não era seu amigo, nunca fui ao seu gabinete, não tínhamos amigos em comum (…), não tinha o seu telefone nem sabia onde ele morava”, começou por dizer.
“Então se não seria um amigo social, seria um amigo político? Tenho de lembrar o tribunal que Ricardo Salgado (e a sua administração) apoiou Cavaco Silva para a Presidência. E não podem dizer que Cavaco Silva era meu aliado, estávamos em campos políticos distintos", explicou.
“Desde que saí do Governo, nunca mais falei com Ricardo Salgado. Nem no Natal para trocarmos boas festas. Era o quão próximos nós éramos. É falso que tenha sido Ricardo Salgado a apresentar-me a Manuel Pinho”, diz Sócrates, explicando: “Por isso é que chamei António Costa como testemunha. É altura de, uma vez por todas, o dr António Costa vir explicar isto.”
Foram cinco os telefonemas ouvidos na sala de audiências, a maior parte dos quais parecem desmentir essa relação distante e meramente institucional de que fala o antigo líder socialista.
Foram essas escutas que levaram à juíza, Susana Seca, a confrontar Sócrates com a familiaridade que ressalta destas conversas. Apesar do confronto, Sócrates manteve a sua versão, explicando que era a sua secretária que ligava para o gabinete de Salgado, afiançou, justificando as referências à mulher do banqueiro, com quem garante ter estado apenas duas vezes, com cordialidade: “Isto prova apenas que sou uma pessoa educada. Chama-se boa educação”.
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