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Israel tem em curso uma ofensiva contra o Irão desde 13 de junho, que justificou com os progressos do programa nuclear iraniano e a ameaça que a produção de mísseis balísticos por Teerão representa para o país.

O Irão tem repetidamente negado o desenvolvimento de armas nucleares e reivindica o direito a realizar atividades nucleares pacíficas.

Os ataques de Telavive destruíram infraestruturas nucleares do Irão e mataram altos comandos militares e cientistas iranianos que trabalhavam no programa nuclear.

Teerão tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas e várias instalações militares espalhadas pelo país.

Na noite passada, os Estados Unidos envolveram-se militarmente no conflito, com recurso a aviões bombardeiros B-2, que, segundo o Pentágono (Departamento da Defesa), conseguiram "eliminar" as ambições nucleares do Irão.

Sete bombardeiros B-2 dos EUA lançaram bombas de 13.600 quilos sobre o Irão, numa operação que o Pentágono descreveu como o maior ataque aéreo da história, apelidado de "Martelo da meia-noite", que teve início às 17h00, hora de Washington (22:00 em Lisboa).

O ataque, que envolveu um total de mais de 125 aviões, contou com o apoio de submarinos norte-americanos.

Os ataques "terão consequências eternas", garantiu o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmando que Teerão mantém em aberto "todas as opções para defender a sua soberania, os seus interesses e o seu povo".

Estas são as reações do mundo ao escalar do conflito:

Paquistão critica Trump por atacar Irão depois de o propor para Nobel da Paz

O Paquistão condenou o Presidente norte-americano, Donald Trump, por bombardear o Irão, menos de 24 horas depois de ter dito que merecia o Nobel da Paz por ter resolvido a recente crise com a Índia.

As relações entre os dois países do sul da Ásia agravaram-se após um massacre de turistas na Caxemira indiana, em abril, com os dois países a atacarem-se até negociações lideradas por Washington terem resultado numa trégua atribuída a Trump.

Foi a "intervenção diplomática decisiva e liderança fulcral" de Trump que o Paquistão elogiou numa mensagem efusiva no sábado à noite, quando anunciou a recomendação formal para que recebesse o Prémio Nobel da Paz,

Menos de 24 horas depois, porém, condenou os Estados Unidos por terem atacado o Irão, afirmando que os ataques "constituíam uma grave violação do direito internacional" e dos estatutos da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA).

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, num telefonema no domingo com o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, manifestou a preocupação por os bombardeamentos terem visado instalações que estavam sob a salvaguarda da AIEA.

O Paquistão, que possui armas nucleares tal como a Índia, tem laços estreitos com o Irão e apoia os ataques contra Israel com o argumento de que Teerão tem o direito a defender-se, segundo a agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

Islamabade não fez hoje qualquer comentário sobre a recomendação de Trump para o Nobel, que se seguiu a um almoço de alto nível na Casa Branca (presidência), na quinta-feira, entre o Presidente e o chefe do exército paquistanês, Asim Munir.

A reunião de quinta-feira, que durou mais de duas horas, contou também com a participação do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, o secretário de Estado Marco Rubio, e do representante especial norte-americano para o Médio Oriente, Steve Witkoff.

De acordo com um comunicado militar paquistanês, houve uma troca de pontos de vista detalhada sobre as "tensões prevalecentes entre o Irão e Israel, com ambos os líderes a sublinharem a importância da resolução do conflito".

Enquanto o Paquistão se apressou a agradecer a Trump a intervenção na crise com a Índia, Nova Deli desvalorizou-a e disse que não havia necessidade de mediação externa na questão de Caxemira.

A região de Caxemira, nos Himalaias, está dividida entre o Paquistão e a Índia, mas é reivindicada por ambos na totalidade.

A Índia acusa o Paquistão de apoiar grupos militantes na região, o que o Paquistão nega.

Austrália e Japão declaram apoio a Estados Unidos 

A Austrália e o Japão declararam hoje apoio aos Estados Unidos após o ataque de sábado à noite a três instalações nucleares iranianas.

"O mundo concordou há muito tempo que não se pode permitir que o Irão obtenha uma arma nuclear. E nós apoiamos as medidas para o impedir", disse o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese em Camberra, em conferência de imprensa.

Albanese, cuja reação à entrada de Washington no conflito entre Israel e Irão chegou com um dia de atraso, acusou o Irão de "falhar repetidamente o cumprimento das suas obrigações internacionais" relativamente ao desenvolvimento do programa nuclear.

"A informação foi clara: o Irão procurou aumentar o nível" de enriquecimento de urânio, lamentou o primeiro-ministro australiano, garantindo que Camberra não quer "uma guerra em grande escala".

"Pedimos ao Irão que não tome mais nenhuma medida que possa desestabilizar a região", acrescentou Albanese.

Um porta-voz do Governo australiano apelou no domingo "ao diálogo e diplomacia" na região, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter confirmado que Washington atacou "com sucesso" as três principais instalações do programa nuclear iraniano - Isfahan, Natanz e Fordó.

A embaixada australiana em Teerão está encerrada desde sexta-feira, tendo o pessoal consular sido enviado para a região fronteiriça do Azerbaijão, para ajudar na retirada dos cidadãos australianos.

Também hoje o Governo japonês afirmou que a ação dos Estados Unidos no Irão "demonstra a sua determinação em atenuar a situação" e, ao mesmo tempo, evitar que Teerão adquira armas nucleares.

Em comunicado, o ministro japonês dos Negócios Estrangeiros, Takeshi Iwaya, manifestou a posição do Japão sobre o envolvimento de Washington no conflito Irão-Israel, depois de o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, ter evitado, no domingo, manifestar apoio ao bombardeamento norte-americano.

"O Japão considera que o mais importante é desanuviar a situação o mais rapidamente possível. Ao mesmo tempo, a aquisição de armas nucleares por parte do Irão deve ser impedida", afirmou o ministro japonês.

"No meio das circunstâncias extremamente difíceis que rodeiam a questão nuclear iraniana, os Estados Unidos têm procurado o diálogo de uma forma séria", sublinhou Iwaya.

O Japão, um país com escassos recursos energéticos, está fortemente dependente do Médio Oriente para o fornecimento de hidrocarbonetos.

Em consequência da escalada do conflito no Médio Oriente, o Governo japonês começou também, nos últimos dias, a retirar os cidadãos nipónicos e familiares que vivem no Irão e em Israel através de países terceiros.

Cerca de 200 japoneses permanecem no Irão e outros mil residem em Israel, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Coreia do Norte noticia conflito sem mencionar posição

O principal jornal da Coreia do Norte noticiou hoje o atual conflito entre Irão e Israel, sem mencionar a posição de Pyongyang e o bombardeamento dos EUA a instalações nucleares iranianas.

Num artigo publicado pelo Rodong Sinmun, o regime norte-coreano abordou o discurso do ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, no Conselho de Direitos Humanos da ONU, na sexta-feira, em que advertiu que os bombardeamentos israelitas tinham como alvo instalações nucleares iranianas, o que poderia levar a uma "fuga maciça de radiação", e classificou as ações como violações flagrantes do direito internacional.

Pyongyang também condenou os ataques israelitas como uma "invasão militar" e acusou Israel de cometer "massacres sistemáticos" contra os palestinianos e de querer agora estender uma "guerra de agressão" contra o Irão.

Num outro artigo publicado no mesmo dia, o Rodong Sinmun citou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, que manifestou "grande preocupação" com os ataques israelitas e alertou para o facto de o mundo estar a "escassos a centímetros de uma catástrofe nuclear".

Zakharova criticou ainda a passividade da comunidade internacional face ao que descreveu ser um "cenário de pesadelo".

Pyongyang ainda não noticiou os ataques aéreos norte-americanos contra as instalações nucleares iranianas, levados a cabo na manhã de domingo (hora coreana), o que pode dever-se ao facto de os meios de comunicação social no país costumarem noticiar os acontecimentos no dia seguinte.

A Coreia do Norte denunciou na quinta-feira a recente ofensiva israelita contra o Irão, afirmando ser um "ato hediondo" e "ilegal de terrorismo de Estado".

O país asiático acusou Israel e os aliados ocidentais, especialmente os Estados Unidos, de terem aumentado o risco de uma nova guerra no Médio Oriente.

China, Rússia e Paquistão pedem na ONU cessar-fogo imediato entre Irão, Israel e EUA

Três membros do Conselho de Segurança da ONU, China, Rússia e Paquistão, apresentaram um projeto de resolução pedindo "um cessar-fogo imediato e incondicional" entre o Irão, Israel e os Estados Unidos.

A informação foi divulgada pelo embaixador chinês junto da ONU, Fu Cong, ao Conselho de Segurança, que realizou hoje uma reunião de emergência na sequência dos ataques norte-americanos que visaram instalações nucleares iranianas.

Os três países são atualmente os principais aliados do Irão no Conselho e é altamente improvável que a resolução seja aprovada, dado o poder de veto dos Estados Unidos dentro do órgão.

Mesmo assim, a resolução - que ainda não tem data marcada para ser votada - utiliza uma linguagem diplomática porque apela, além de um cessar-fogo, à "proteção dos civis, ao respeito pela legalidade internacional e ao regresso ao diálogo e à negociação".

Fu Cong, tal como o embaixador russo, Vasili Nebenzia, condenou inequivocamente o bombardeamento norte-americano das centrais nucleares iranianas, posição que não foi assumida por nenhum dos países europeus com assento no Conselho (França, Reino Unido, Dinamarca, Eslovénia e Grécia).

O embaixador Vasili Nebenzia foi particularmente duro ao destacar "as declarações cínicas (dos outros países) sobre a sua disponibilidade para voltar à mesa das negociações, como se os ataques bombistas de alto calibre contra o Irão não tivessem ocorrido".

"Hipocritamente, pintam o Irão como a parte que fez descarrilar o processo de negociação", disse.

EUA pede "vigilância redobrada"

As autoridades norte-americanas pediram aos seus cidadãos "vigilância redobrada" em todo o mundo, após os seus bombardeamentos contra instalações nucleares iranianas, que podem levar a retaliações do regime da República Islâmica.

Num aviso divulgado na noite de domingo nos Estados Unidos (madrugada de hoje em Lisboa), o Departamento de Estado “aconselha os cidadãos norte-americanos de todo o mundo a exercerem vigilância redobrada”.

A diplomacia de Washington aponta, em concreto, “o potencial para protestos contra cidadãos e interesses norte-americanos no estrangeiro”.

O aviso refere que o conflito lançado por Israel, em 13 de junho, contra o Irão resultou em interrupções nas viagens e no encerramento temporário do espaço aéreo em todo o Médio Oriente, e aconselha os seus cidadãos a que tenham “mais cautela”.

No domingo, os Estados Unidos ordenaram a retirada de famílias e funcionários não essenciais da sua embaixada em Beirute, “devido ao clima volátil e imprevisível na região”, segundo um comunicado da sua representação na capital libanesa.

Washington mantém também um alerta oficial desaconselhando todas as viagens para o Líbano, onde o grupo xiita Hezbollah, aliado de Teerão, condenou o ataque “bárbaro e traiçoeiro” norte-americano contra instalações nucleares iranianas, advertindo que pode arrastar a região e o mundo inteiro para uma “espiral desconhecida”, a menos que haja “ação internacional de dissuasão”.

A resposta do Irão

O embaixador iraniano na ONU afirmou na noite de domingo, perante o Conselho de Segurança, que Teerão vai decidir “o momento, a natureza e a escala da resposta proporcional” ao ataque dos Estados Unidos.

Durante uma reunião de urgência nas Nações Unidas solicitada pelo Irão, Amir Saeid Iravani acusou Washington de lançar uma guerra “sob pretextos absurdos e fabricados”.

O representante do Irão alertou que o seu país se reserva “o pleno e legítimo direito de se defender contra a agressão insolente dos Estados Unidos e do seu peão israelita”, sem dirigir, no entanto, nenhuma ameaça concreta.

Aviões norte-americanos bombardearam de madrugada de domingo três instalações nucleares no Irão, juntando-se à ofensiva lançada por Israel em 13 de junho, justificada pela criação iminente de uma bomba nuclear, o que é refutado por Teerão.

Poucas horas depois, o Irão lançou cerca de 40 mísseis contra Israel, acusando os Estados Unidos de destruir as possibilidades de uma solução diplomática para a questão nuclear.

Em conferência de imprensa no Pentágono, o secretário da Defesa norte-americano comentou que os Estados Unidos “não pretendem entrar em guerra” com o Irão, mas avisou que vão agir “rápida e decisivamente” caso os seus interesses sejam ameaçados por Teerão como forma de retaliação.