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“Serão ações de formações contínuas, workshops, seminários e alguns cursos online ou presenciais dependendo da matéria e natureza dessa formação e também divulgação de informações para a sociedade”, disse a presidente da Associação dos Farmacêuticos de Moçambique (Afarmo), Bélia Muchanga, em declarações à Lusa.

O protocolo assinado em Maputo é um entendimento para a colaboração entre a Afarmo, a Autoridade Nacional Reguladora de Medicamento (Anarme) e a Ordem dos Farmacêuticos de Portugal, sendo que este último vai ajudar os profissionais de Moçambique no desenvolvimento de ações concretas para a regulamentação do setor, conforme avançado também por Bélia Muchanga.

“O que a Ordem [dos Farmacêuticos de Portugal] vai fazer é passar toda a experiência que tem no processo de divulgação de informações para a sociedade e essas formações contínuas. E esses programas serão preparados em conjunto, não se vai fazer traspasse do que é em Portugal para Moçambique, temos que ter em conta a realidade”, explicou a presidente da Afarmo.

Além de capacitar os profissionais de Moçambique na criação de programas específicos de comunicação para rádio e televisão, incluindo as plataformas digitais, Portugal vai ajudar o país em matérias de consciencialização sobre a importância do farmacêutico e do uso racional de medicamentos, incluindo o combate à automedicação.

Bélia Muchanga disse também que faz parte do protocolo a ajuda na elaboração de mensagens educativas a serem partilhadas nas unidades sanitárias sobre as mesmas matérias.

Além de presidir a Afarmo, Bélia Muchanga assumiu no ano passado a presidência da Associação dos Farmacêuticos dos Países de Língua Portuguesa (AFPLP), que integra mais de 400 mil profissionais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, países membros.

Entre os principais desafios do setor a nível da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Muchanga adiantou que está em destaque a harmonização curricular bem assim o incentivo para a adesão ao curso em alguns países em que se notou pouca procura.

“Todos os países membros têm realidades completamente diferentes nos seus sistemas de saúde, mas o profissional deve desenvolver as mesmas ações em todos estes países, por isso passamos por fazer esta avalização curricular por forma a padronizar tecnicamente estes profissionais”, disse a responsável.

Para o caso específico de Moçambique, Muchanga apontou como maior desafio a ausência de cursos de especialização: “isso limita o farmacêutico. Ter formações específicas iria facilitar a integrar-nos ainda mais a nível do próprio sistema nacional de saúde”.

Defendeu igualmente que, em Moçambique, há registo de problemas de acesso a oportunidades de emprego para farmacêuticos e outros relacionados com a Tabela Salarial Única (TSU).

Muchanga espera uma melhor abordagem após o lançamento do estudo em curso sobre a condição do farmacêutico no país e a formalização da Ordem moçambicana dos profissionais.

Moçambique não tem ainda uma Ordem dos Farmacêuticos, mas a Afarmo e a Aname estão a avançar na criação dos estatutos para assegurar a sua formalização até 2026, ano em que o país vai acolher um congresso dos farmacêuticos da CPLP.

A Associação dos Farmacêuticos de Moçambique (Afarmo) conta com 250 associados, num total de 1.700 farmacêuticos registados na Autoridade Nacional Reguladora de Medicamento (Anarme), conforme dados avançados por Bélia Muchanga.