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Foi de uma luz branca, e através de uma plataforma debaixo do palco, que os Imagine Dragons surgiram, pela hora que o sol se começava a pôr, no Estádio da Luz.
A Loom World Tour é a primeira digressão mundial de estádios da banda norte-americana, que vem apresentar o seu sexto disco, Loom. É também a sexta vez dos Imagine Dragons em Lisboa, tendo sido a última vez em 2022, no NOS Alive.
Apesar de ter sido "Fire in These Hills" a escolhida para abrir o concerto, foi "Thunder", logo de seguida, que assumiu a responsabilidade de não deixar ninguém sentado. "Bones", o primeiro single do álbum "Mercury - Act 2", continuou, depois, o bom trabalho de agitar o público.
Pelas bancadas e pelo relvado fora, encontrava-se todo o tipo de caras — novos e velhos, pais com filhos, casais e amigos de todas as faixas etárias.
Não é difícil perceber porquê. Os Imagine Dragons, formados em 2008 em Las Vegas, são conhecidos por misturarem vários géneros musicais nos seus projetos. O mesmo motivo que pode afastar um público mais fiel ao rock ou ao indietronica, acaba por acolher quem se encontra no meio.
O vocalista, Dan Reynolds, tem uma voz incontornavelmente excecional. A rouquidão que a caracteriza, o alcance sem esforço e a fluidez com que mistura vários estilos contribuem para que seja um frontman extremamente talentoso. Ao vivo, nada é diferente.
Como é habitual, chegou simples - de calções pelo joelho e uma manga cava básica. Ainda assim, os aplausos e gritos do público deixaram claro que preferiram o segundo outfit, quando Dan tirou a camisa, como já é costume, e por sinal, uma das razões que o tornou viral no TikTok.
"Os Imagine Dragons são conhecidos por misturarem vários géneros musicais nos seus projetos. O mesmo motivo que pode afastar um público mais fiel ao rock ou ao indietronica, acaba por acolher quem se encontra no meio."
"Take Me to the Beach", foi uma agradável surpresa vinda diretamente do último projeto. O tema, um eletropop leve e contagiagente, não só encheu o Estádio da Luz de bolas de piscina de plástico, mas também de sorrisos.
Pelo meio do concerto, a banda optou por tocar uma sequência de músicas mais remetentes ao rock.
"It’s Time" trouxe a energia eletrizante de 2011, que mostrou, na perfeição, a forma como a banda consegue combinar rock com eletrónica.
A noite, possivelmente cronometrada, chegou ao mesmo tempo que a música "I'm So Sorry", trazendo o cenário perfeito para mostrar aos mais teimosos que a banda sabe, efetivamente, tocar rock.
Ainda nesta sequência, o pior erro foi, talvez, quando o guitarrista, Wayne Sermon, achou que era uma boa ideia tocar um riff da "Seven Nation Army", dos The White Stripes, a meio do seu solo. Inocentemente, fez com que nem os Imagine Dragons escapassem ao clássico "esta merda é que é boa", que até então estava contido.
"A rouquidão que a caracteriza, o alcance sem esforço e a fluidez com que mistura vários estilos contribuem para que seja um frontman extremamente talentoso. Ao vivo, nada é diferente."
Pelo meio, entregaram as tão conhecidas "Whatever It Takes", "Bad Liar" e "Natural", que como era de se esperar, fizeram os mais calados cantar do início ao fim.
Nestas músicas, sentiu-se ainda mais a energia eletrizante de Dan, que é lindamente equilibrada com o jogo de luzes e a pirotecnia. Teria sido ainda mais interessante a adição de pulseiras sincronizadas, como as que são usadas pelos Coldplay, que casariam numa bonita sincronia com o ótimo trabalho já feito na cenografia.
Entre as várias intervenções do vocalista para comunicar com o público, que serviam maioritariamente para expressar gratidão, houve uma que se destacou.
No momento em que partilhava a razão pela qual a banda foi criada, que diz ter sido para "espalhar alegria", Dan Reynolds apresenta-se como um homem apaixonado pela vida e por viver. No entanto, admite também que durante a sua vida, lidou com ansiedade e depressão.
Num bonito, e extremamente importante, discurso sobre saúde mental, o vocalista da banda pede aos fãs que nunca se sintam sozinhos e que, acima de tudo, se lembrem que "a vida vale a pena ser vivida".
Com simplicidade, e num interessante arranjo acústico, o tema "Next To You" foi um forte candidato a protagonista do momento mais emocionante da noite.
Mas ainda assim, não venceu "Demons", o sucesso que apesar de já ter 12 anos, continua a ser inesquecível.
"Num bonito, e extremamente importante, discurso sobre saúde mental, o vocalista da banda pede aos fãs que nunca se sintam sozinhos e que, acima de tudo, se lembrem que "a vida vale a pena ser vivida."
Num concerto de quase duas horas, que passou num piscar de olhos, vale ainda a pena destacar o momento em que tocou "Radioactive", que levou o vocalista até à bateria, e o final.
Foi com "Believer" que fecharam o concerto, o que era, possivelmente, a única escolha acertada. A última atuação não surpreendeu, pelo simples facto de ter sido tão boa quanto o resto do concerto — duas horas uniformes, repletas de energia, com bons músicos e um público que mostrou quem são "os mais barulhentos" da tournée.
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