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O grupo Vita, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) para acompanhar casos de abuso sexual no seio da Igreja Católica, anunciou que recebeu 83 pedidos de compensação financeira.
Até ao momento, 68 pessoas foram avaliadas pelas comissões de instrução, enquanto sete pedidos mais recentes serão analisados em setembro.
A coordenadora do grupo, Rute Agulhas, explicou à Lusa, na RTP, que a diferença deve-se a casos em que os requerentes não responderam, não compareceram às entrevistas, não se tratava de violência sexual ou envolveram suspeitos fora do contexto da Igreja. A dirigente sublinhou que a esmagadora maioria das vítimas se sentiu escutada e validada durante o processo, destacando que muitas não estão focadas no valor do dinheiro, mas em serem ouvidas pela Igreja. Algumas pessoas afirmaram mesmo que doariam qualquer compensação recebida a netos, bombeiros ou entidades de apoio a crianças e jovens.
Segundo o grupo Vita, a maior parte das vítimas mantém a fé em Deus e na fé católica, embora tenham perdido confiança na Igreja dos homens. Também foram registadas situações de pessoas que sofreram abusos em contextos familiares, escolares ou desportivos, mas que encontraram acolhimento apenas junto das comissões da Igreja.
A CEP e a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) aprovaram por unanimidade a atribuição de compensações financeiras às vítimas de violência sexual, complementando o trabalho de prevenção realizado pelo grupo Vita, pelas Comissões Diocesanas e pelos Institutos Religiosos.
Em paralelo, o grupo Vita continua a desenvolver ações de formação e capacitação, tendo abrangido mais de 3800 pessoas, e promove dois programas de prevenção primária da violência sexual destinados a crianças: o “Programa Girassol”, para idades entre 6 e 9 anos, e o “Lighthouse Game”, um jogo digital para crianças dos 10 aos 14 anos, que serão apresentados a 30 de setembro em Lisboa.
A estrutura da Igreja Católica prepara ainda o congresso “Da Reflexão à Ação: O Papel da Igreja Católica na Prevenção e Resposta à Violência Sexual”, a realizar em Fátima, a 27 de novembro, com o objetivo de refletir sobre os caminhos percorridos, consolidar práticas de prevenção e projetar estratégias futuras no combate aos crimes sexuais no contexto da Igreja.
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