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O Papa Leão XIV afastou o bispo de Cádis e Ceuta, Rafael Zornoza, na sequência do escândalo desencadeado pela investigação interna da Igreja sobre uma acusação de abusos sexuais ocorridos nos anos noventa, diz o El País.
A Santa Sé confirmou a decisão através de um comunicado sucinto no boletim diário, invocando a aceitação da renúncia que Zornoza apresentara automaticamente ao completar 75 anos, como exige a norma aplicável a todos os bispos.
Em simultâneo, a Conferência Episcopal Espanhola anunciou a nomeação de Ramón Darío Valdivia Giménez, até então bispo auxiliar de Sevilha, como administrador apostólico da diocese, sem qualquer referência à denúncia que está na origem da crise. O próprio Zornoza publicou uma nota no sítio da diocese, agradecendo ao Papa “a compreensão e a proximidade paternal” por aceitar a renúncia, justificando o afastamento com a necessidade de tratar um cancro e de preparar a sua defesa contra “uma acusação injusta e falsa” que, afirma, está ainda a ser examinada no âmbito eclesiástico.
A decisão chega 12 dias depois de ter sido revelado, a 10 de novembro, que Roma tinha iniciado, há quatro meses, uma investigação canónica a Zornoza devido a uma denúncia de abusos a um menor, ocorridos quando este era sacerdote em Getafe e dirigia o seminário maior local. O caso é inédito em Espanha: nunca antes se soubera de um bispo sujeito a um processo canónico por alegados abusos sexuais, nem de um afastamento ditado por este motivo.
Com a renúncia formalizada, Zornoza torna-se bispo emérito de Cádis, perdendo qualquer função de governo na Igreja, embora mantendo a possibilidade de participar nas assembleias da Conferência Episcopal, ainda que sem direito de voto. Já Valdivia assume temporariamente a diocese até à nomeação de um novo titular. Nascido em Osuna, licenciado em Direito e Filosofia e ordenado sacerdote em 2003, o administrador apostólico afirmou esperar servir a comunidade diocesana “no tempo que estiver entre vós”, agradecendo igualmente a Zornoza “todo o seu serviço”.
Após a divulgação inicial do caso, o bispo afastado negara as acusações, suspendendo a sua agenda para “esclarecimento dos factos” e para tratamento médico. A investigação decorre em Madrid, no Tribunal da Rota da nunciatura. Perante a perplexidade causada pela manutenção de Zornoza no cargo, o próprio Papa justificara, na terça-feira, que era necessário deixar “a investigação seguir o seu curso”, indicando que as consequências surgiriam mais tarde — algo que agora se concretizou.
A demora na decisão contrasta com as recomendações recentes da Comissão Pontifícia para a Protecção de Menores, que defende a agilização da destituição de clérigos implicados em abusos ou negligência. A gestão do caso, tanto pela Igreja espanhola como pelo Vaticano, gerou confusão e revelou divergências internas. Vários sectores e meios de comunicação espanhóis chegaram a anunciar, de forma precipitada, que a renúncia já teria sido publicada anteriormente.
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