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O julgamento decorre em paralelo com um processo movido nos Estados Unidos pelo presidente Emmanuel Macron e pela mulher, apresentado em julho deste ano contra a comentadora conservadora norte-americana Candace Owens. No processo, o casal presidencial acusa Owens de ter repetido e amplificado “mentiras verificavelmente falsas e devastadoras” que se transformaram, segundo os advogados, numa “campanha global de humilhação” e num “bullying incessante à escala mundial”.

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A origem desta alegação falsa remonta às eleições presidenciais de 2017, quando começaram a circular nas redes sociais e em meios ligados à extrema-direita rumores de que Brigitte Macron, hoje com 72 anos, teria nascido homem. O casal Macron sempre negou categoricamente essa narrativa, sublinhando que Jean-Michel Trogneux é, na verdade, o irmão mais velho de Brigitte, de 80 anos, e que ambos cresceram em Amiens, no norte de França, numa família conhecida pela sua fábrica de chocolates. Jean-Michel, acrescentam, esteve presente nas duas cerimónias de tomada de posse de Emmanuel Macron, em 2017 e 2022, o que desmente qualquer dúvida quanto à sua identidade.

O processo francês que agora chega a tribunal resulta de uma queixa apresentada por Brigitte Macron em agosto de 2024. As investigações, conduzidas ao longo de vários meses, levaram à detenção de vários suspeitos entre dezembro de 2024 e fevereiro deste ano. No total, dez pessoas — oito homens e duas mulheres, com idades entre os 41 e os 60 anos — enfrentam agora acusações de assédio online. Se forem consideradas culpadas, poderão cumprir até dois anos de prisão.

Entre os arguidos está Aurélien Poirson-Atlan, um profissional da comunicação, de 41 anos conhecido nas redes sociais pelo pseudónimo “Zoé Sagan” e associado a círculos conspiracionistas, bem como Delphine J., uma mulher de 51 anos que se apresenta como médium sob o nome “Amandine Roy”. Esta última ganhou notoriedade em 2021 ao publicar uma longa entrevista no YouTube com a autodenominada jornalista independente Natacha Rey, na qual se repetiam as falsas alegações sobre a identidade de Brigitte Macron.

As duas mulheres foram condenadas em 2024 a pagar indemnizações à primeira-dama e ao irmão, mas a decisão foi mais tarde anulada em recurso, por questões processuais, sem que o tribunal reconhecesse qualquer veracidade às acusações. O caso foi, entretanto, levado ao Tribunal de Cassação, a mais alta instância judicial francesa.

De acordo com a acusação, citada pelo jornal The Guardian, os réus agora em julgamento publicaram repetidamente comentários insultuosos e maliciosos sobre o género e a sexualidade da primeira-dama, chegando mesmo a insinuar que a diferença de idade entre Brigitte e Emmanuel Macron — ela é 24 anos mais velha — configuraria uma forma de pedofilia. Todos os arguidos negam as acusações.

Enquanto o julgamento prossegue em Paris, o casal presidencial prepara a sua ofensiva judicial nos Estados Unidos contra Candace Owens, autora da série digital "Becoming Brigitte", que difundiu a teoria conspirativa perante milhões de visualizações. O advogado do casal no processo norte-americano anunciou que o este pretende apresentar provas científicas e fotográficas para refutar por completo as alegações.

Brigitte Macron, que raramente comenta publicamente o caso, declarou pela última vez em 2022, numa entrevista à rádio RTL, que as acusações eram “um ataque impossível à árvore genealógica da minha família”. Na mesma altura, disse à TF1 que queria transformar a experiência em algo construtivo, para que “outras pessoas não sofram o mesmo tipo de violência online”.

“Lutar contra o assédio digital é a minha batalha”, afirmou então a primeira-dama francesa.

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