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Funcionários de empresas que prestam serviços em aeroportos do Reino Unido estão a receber bónus por detetarem malas de cabine com dimensões superiores ao permitido em voos da easyJet, diz o The Guardian, com base num email interno da empresa Swissport, que presta apoio em escala em vários aeroportos britânicos.
De acordo com o documento, os trabalhadores são “elegíveis para receber £1,20 (£1 após impostos) por cada bagagem identificada no portão de embarque que não cumpra as regras”. O incentivo insere-se num esquema denominado “easyJet gate bag revenue incentive”, criado para “recompensar os agentes que fazem o que é correto”, segundo a comunicação interna.
O email, enviado em novembro de 2023, continua a ser relevante atualmente, já que a política se mantém em vigor. O bónus é pago diretamente aos colaboradores envolvidos na operação e aplica-se a sete aeroportos, entre os quais Birmingham, Glasgow, Newcastle e Jersey.
O incentivo financeiro destina-se, segundo a Swissport, a reforçar a aplicação das políticas da easyJet, mas gerou polémica ao ser tornado público, inicialmente pelo Jersey Evening Post. A prática levanta questões éticas e reacende o debate sobre as taxas cobradas por bagagem de mão.
Uma fonte anónima, ex-responsável de serviço ao passageiro na Swissport, disse ao Sunday Times que os trabalhadores não têm alternativa senão impor as regras da companhia aérea: “Confrontar passageiros por excesso de bagagem é como enfrentar passageiros que não pagam bilhete. Corremos o risco de ser insultados — ou pior. Imagine parar um grupo de amigos numa despedida de solteiro e dizer-lhes que terão de pagar mais do que o preço do bilhete só para despachar as malas para o porão”.
Além da Swissport, também trabalhadores da DHL Supply Chain, empresa responsável pela assistência em terra nos aeroportos de Gatwick, Bristol e Manchester, recebem um valor adicional sempre que identificam bagagens fora das normas impostas pela easyJet. Segundo o Sunday Times, trata-se de um “valor nominal”, mas que funciona igualmente como incentivo.
A easyJet permite aos passageiros transportar gratuitamente apenas uma mala pequena que caiba debaixo do assento. Bagagens maiores, colocadas no compartimento superior da cabine, implicam um custo adicional.
Contactada pelo The Guardian, a Swissport afirmou: “Servimos os nossos clientes — as companhias aéreas — e aplicamos as suas políticas conforme os termos e condições estabelecidos para gerir as respetivas operações. Mantemo-nos altamente profissionais e o nosso foco está em garantir operações seguras e eficientes, o que fazemos diariamente em quatro milhões de voos por ano”.
Já a easyJet esclareceu que utiliza diferentes agentes de assistência em terra consoante o aeroporto e que a gestão de remunerações destes agentes é feita de forma autónoma, sem controlo direto por parte da companhia. “A easyJet está empenhada em garantir que os seus parceiros aplicam as políticas de forma correta e consistente, em nome da justiça para todos os clientes”, declarou fonte oficial.
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