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Num artigo de opinião publicado no Observador, João Maria Jonet recordou a entrada no partido e o recnhecimento, desde o primeiro momento, de que era "um grupo restrito", no qual o sistema falhava.

Com uma presença crescente nas redes sociais, tornou-se conhecido pelas suas crítCicas frontais à “informalidade brutal” da política nacional, aos vícios do sistema partidário e a figuras públicas internacionais, como Elon Musk.

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Para Jonet, há uma crise de exigência e coragem no exercício da política, que começa no Partido Social Democrata. Ao traçar um retrato crítico do estado atual do partido. Num texto longo e pessoal, o agora ex-militante denuncia o que considera ser uma degeneração da vida partidária, marcada pelo fechamento, pelo compadrio e pelo abandono dos valores fundadores.

A decisão de saída, que diz ter sido ponderada e sofrida, é apresentada como consequência natural da sua experiência direta com o partido, particularmente no contexto autárquico de Cascais, Jonet afirma que o PSD local se transformou num “cínico ocupante do poder”, mais interessado em manter-se no controlo do que em servir o concelho, e que isso reflete uma crise mais profunda no partido a nível nacional.

“Assisti de perto a este processo — alguns dirão que demasiado de perto para o criticar, eu direi que perto o suficiente para realmente o perceber”, escreve, referindo-se à transição do PSD para uma marca de coligação AD.

O candidato aponta o dedo ao “triunfo do aparelho sobre o mérito” e à forma como o partido, segundo afirma, passou a colonizar instituições com militantes, a premiar a lealdade sobre a competência, afastando vozes independentes. Refere-se também à crescente apatia do eleitorado como sintoma da erosão de confiança: “Apenas 43% das pessoas votaram nas últimas autárquicas” em Cascais, lembra.

A sua crítica não se limita ao nível local. Jonet lamenta que o PSD tenha deixado de representar figuras como Sá Carneiro, Magalhães Mota ou Balsemão, e critica o abandono de referências simbólicas e ideológicas: “Deixou de ser o partido dos homens bons da terra e passou a ser um partido fechado sobre si próprio”.

Recorrendo à célebre frase de Ronald Reagan, diz que não foi ele quem deixou o partido, mas o partido que o deixou. Assumindo que a sua filiação teve, em parte, motivações familiares e afetivas, confessa que a realidade encontrada dentro do PSD o desiludiu profundamente.

Apesar das críticas, Jonet garante que não abandona a política. Pelo contrário, diz que sai para “procurar servir” a sua terra, Cascais, através de uma candidatura que diz querer digna da história e dimensão do concelho — o quinto maior do país. A sua saída é acompanhada por outros militantes desiludidos, e é apresentada como um gesto de coerência com os valores democráticos que, segundo afirma, o partido abandonou.

“Se em Democracia não nos insurgimos contra a sua degeneração, convidamos os seus inimigos a crescer”, escreve, numa nota final carregada de emoção e esperança.