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A solidão é uma realidade crescente entre os millennials (nascidos entre 1981 e 1996), e a tecnologia tem desempenhado um papel ambíguo nesse cenário. Segundo um novo estudo da Kaspersky, intitulado Reality Check, 29% dos millennials a nível mundial afirmam que as amizades digitais tiveram um impacto positivo na sua saúde mental. No entanto, o mesmo universo digital que oferece conforto e pertença também levanta sérias preocupações com a distorção da realidade e a vulnerabilidade emocional.

O relatório sublinha que 57% dos jovens europeus se sentem moderada ou gravemente sozinhos, apontando para um mal-estar social com raízes profundas. Apesar disso, para a maioria dos inquiridos (57%), as interações digitais não tiveram impacto significativo na sua saúde mental, o que sugere que, para muitos, o envolvimento online é já uma extensão natural da vida quotidiana.

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Contudo, 10% relataram efeitos negativos da sua participação em comunidades online. Entre os principais riscos está a distorção da identidade: 64% dos millennials dizem ter encontrado pessoas que deturparam ou falsificaram quem realmente são. O fenómeno do catfishing (criação de identidades falsas) é uma preocupação crescente — 14% admitiram já ter usado um nome ou perfil falso, ou fingido ser outra pessoa nas redes sociais.

Além disso, 35% dos millennials são considerados “colaboradores ativos” nas comunidades digitais, passando mais de três horas por dia em fóruns, redes sociais e plataformas de jogos. Para muitos, estas redes oferecem companhia num momento em que o isolamento é prevalente.

O professor de Sociologia Robert Faris, da Universidade da Califórnia em Davis, reforça a vulnerabilidade desta geração, alertando para os riscos emocionais e financeiros: “A minha análise mostra que 40% dos inquiridos relataram experiências com fraudes românticas e um terço falou de fraudes financeiras, muitas vezes combinadas com chantagem e extorsão”, diz em comunicado.

A ciberpsicóloga Ruth Guest destaca o lado positivo destes espaços: “Quando utilizadas com equilíbrio e bom senso, as redes sociais podem ser uma ferramenta valiosa para a saúde mental — promovem expressão pessoal, pertença e até criatividade”. Mas sublinha que o benefício depende do equilíbrio.

Por sua vez, Marc Rivero, investigador da Kaspersky, deixa o alerta: “As mesmas plataformas que oferecem apoio podem também expor os utilizadores a riscos como ciberbullying, fraude de identidade e violação de privacidade. É essencial estabelecer limites e proteger a pegada digital.”

A investigação da Kaspersky pinta um retrato de uma geração dividida entre o conforto das conexões online e os perigos que delas advêm. Num mundo cada vez mais digital, a solidão e a autenticidade tornam-se temas centrais — e encontrar o equilíbrio entre ambos é o desafio do momento.