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Segundo o The New York Times, o fragmento fossilizado, parte de uma vértebra, possivelmente de um dinossauro herbívoro do grupo dos ornitópodes, terá cerca de 70 milhões de anos e foi encontrado durante uma sondagem destinada a estudar o potencial uso de energia geotérmica nas instalações do museu.
“Costumo dizer que nunca há emergências fósseis. Mas esta foi uma delas”, disse James Hagadorn, curador de geologia do museu, ao jornal norte-americano.
O objetivo da perfuração era avaliar a geologia da Bacia de Denver e explorar a viabilidade de substituir o uso de gás natural por um sistema de aquecimento e arrefecimento baseado em energia geotérmica. Duas sondas foram realizadas sob o estacionamento asfaltado do museu, atingindo profundidades próximas dos 300 metros.
Foi no dia 30 de janeiro que um dos geólogos da equipa, ao analisar o material extraído, identificou imediatamente um osso fossilizado. A descoberta provocou agitação entre os investigadores, incluindo o diretor de ciências da Terra e do Espaço do museu, Patrick O’Connor, que interrompeu uma reunião para verificar o achado.
Apesar de pequeno, o fragmento pode ser parte de um osso maior. Os investigadores usaram a referência geológica da extinção dos dinossauros para estimar a antiguidade do fóssil. O sedimento onde foi encontrado corresponde a um período próximo da extinção, há cerca de 70 milhões de anos.
De acordo com Hagadorn, pode tratar-se do fóssil de dinossauro mais antigo já identificado na área urbana de Denver. “Sabíamos que este tipo de dinossauro existia em regiões vizinhas. Esta descoberta ajuda a preencher mais uma peça do puzzle ecológico da época”, explicou ao The New York Times.
A rara profundidade
Fósseis de dinossauro são relativamente comuns na região devido à forma como os sedimentos se acumularam ao longo de milhões de anos com a formação das Montanhas Rochosas. No entanto, normalmente são encontrados muito mais próximos da superfície.
Este caso é excecional: trata-se de uma das poucas descobertas conhecidas de um fóssil proveniente de uma profundidade tão extrema. Casos semelhantes incluem um fragmento de osso descoberto em 1997 no Mar do Norte, a 2300 metros de profundidade, e outro achado na Formação Morrison, no Colorado, em 2018.
“Apesar de o fragmento isolado não ter grande valor científico em si, o fator surpresa é enorme”, afirmou James Clark, professor de biologia na Universidade George Washington.
Já Christopher Junium, professor de biologia da Universidade de Syracuse, descreveu a descoberta como “extraordinária”: “É como espetar uma agulha na Terra e tirar de lá um dinossauro. Parece ficção.”
A equipa do museu continua a analisar os materiais extraídos na esperança de encontrar mais vestígios do passado remoto enterrado sob os pés dos visitantes.
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