O ex-dirigente do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) foi ouvido esta segunda-feira pela primeira vez pelo Tribunal Supremo como investigado no caso de corrupção que também envolve o antigo ministro dos Transportes, José Luís Ábalos e o seu assessor, Koldo García.

O juiz Leopoldo Puente, do Supremo Tribunal, decidiu esta segunda-feira manter Santos Cerdán em prisão preventiva, sem direito à fiança, após a sua declaração, considerando que este apresentava risco de fuga e ameaçado de destruição de provas. O juiz tomou essa decisão após o procurador-chefe anti corrupção, Alejandro Luzón, solicitar a medida cautelar, considerando que, no seu caso, havia risco de fuga e destruição de provas, segundo o meio espanhol ABC.

Santos Cerdán chegou ao Tribunal Supremo, na manhã desta segunda-feira, de táxi, acompanhado pelo seu advogado.

O antigo número dois do PSOE está acusado de corrupção passiva e de crime organizado, pela suposta fraude em contratos de obras públicas, e evasão e branqueamento de capitais. Esta foi a primeira vez que o Supremo se decidiu pela prisão preventiva de um dos envolvidos neste caso.

Cerdán, ouvido pelo juiz Leopoldo Puente e pelo responsável pela procuradoria anticorrupção, Alejandro Luzón, Cerdán terá negado ter feito parte deste esquema e denunciou uma tentativa de “perseguição política” por ter negociado, antes da última tomada de posse de Pedro Sánchez, com o Partido Nacionalista Basco e o Bildu.

Recorde-se que de acordo com o documento que detalha a investigação da unidade da Guardia Civil especializada em corrupção (UCO), Cerdán terá agido como gestor no esquema de corrupção de que terão beneficiado Ábalos e Koldo García – a quem foram retirados os passaportes, estão proibidos de sair de Espanha e têm de se apresentar periodicamente a um juiz, de 15 em 15 dias.

A investigação começou com cobranças ilegais na compra de máscaras durante a pandemia, mas evoluiu para o pagamento de subornos durante a adjudicação ilegal de obras públicas (em particular no setor dos Transportes).

Grande parte do caso das autoridades baseia-se em registos áudio, que foram feitos por Koldo entre 2019 e 2023. Cerdán, que só respondeu às perguntas do seu próprio advogado, disse que estão descontextualizados e pediu uma perícia sobre as gravações.

Na semana passada, Koldo optou pelo silêncio na sua audiência no Supremo, enquanto José Luis Ábalos negou também as acusações e disse não se reconhecer nos áudios.

No Supremo Tribunal, Cerdán falou em "perseguição política" por ter negociado essa investidura, e disse que o próximo será o ministro da Justiça, Félix Bolaños, porque negociou com os independentistas catalães do Junts per Catalunya.