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Traduzido para mais de 25 línguas, e vencedor também do Prémio Strega Giovani, “O aniversário” encontra-se publicado desde junho em Portugal, uma estreia no mercado literário português de um dos escritores mais premiados da literatura italiana, tendo vencido, com romances anteriores, os prémios Super Mondello, Brancati, Recanati, Lo Straniero e Bagutta.
O romance vencedor da 79.ª edição do Prémio Strega “explora sem piedade e sem concessões sentimentais a dinâmica das relações de poder que acontecem numa família”, descreve a editora.
“Algumas famílias sobrevivem — miseravelmente — a um quotidiano de violência, à tensão sempre latente, aos gestos de anulação do outro, à ausência de laços de amor. Outras famílias desfazem-se para sempre. ‘O aniversário’ conta a história de um filho que, para viver a sua própria vida, renuncia à casa dos pais, condena-os ao isolamento e arranca pela raiz quaisquer possibilidades de reencontro ou comunicação”, lê-se na sinopse.
Este filho procura na fuga uma hipótese de felicidade, escapando de um pai autoritário e irascível, e distanciando-se de uma mãe que de tudo abdicou em favor do marido.
“Este corte profundo deixa um lastro de recordações, falhas e solidão, mas desperta uma sede vital de redescoberta interior”, acrescenta.
“Faz dez anos que, nesse dia, vi os meus pais pela última vez. Desde então, mudei de número de telefone, de casa, de continente, construí um muro inexpugnável, coloquei um oceano entre nós. Foram os melhores dez anos da minha vida”, escreve o narrador da história.
Segundo a editora Madalena Alfaia, “‘O aniversário’ é a antítese dos dias felizes em que celebramos o facto de estarmos vivos. Nesta crua radiografia da grande disfunção que alimenta a literatura desde pelo menos Tolstoi, conhecemos uma história de violência familiar cujas raízes são fundas e todo-poderosas”.
“Andrea Bajani domina as emoções por meio de uma escrita aparentemente maquinal, entrecortada por descrições que deixam o leitor lívido. Não há confessionalismo nem autocomiseração. Estamos perante um escritor notável, em controlo absoluto da sua narrativa e da linguagem, tanto quanto a narrativa se liberta do espartilho do medo e a linguagem rompe a mudez”, acrescenta.
O romance explora questões como “Será um filho capaz de abandonar impiedosamente os pais? Virar costas, fechar a porta e não voltar? O que resta dos estilhaços de uma memória familiar?”.
O escritor Emmanuel Carrère destacou isso, precisamente, escrevendo: “Poderemos alguma vez livrar-nos dos nossos pais? Do mal que nos fizeram? Sem olharmos para trás e sem reconsiderações? A pergunta é um escândalo, e Andrea Bajani confronta-a através da escrita, num livro escandalosamente sereno”.
O espanhol Enrique Vila-Matas considera que “a escrita de Bajani tem uma energia irreprimível”, ao passo que Sandro Veronesi diz que Bajani “explora como ninguém os lugares onde nos descobrimos, onde amamos, onde sofremos e onde, por fim, nos tornamos quem somos”.
Andrea Bajani nasceu em Roma, em 1975. É autor de ficção, poesia, teatro e reportagem. Publicou uma dezena de romances, entre os quais “Cordiali saluti”, “Se consideri le colpe”, “Ogni promessa”, “Un bene al mondo” ou “Il libro delle case”.
Colaborou com os jornais La Stampa, L’Unità, Il manifesto e Libération. Foi professor na Rice University (Texas, Estados Unidos).
O anúncio do vencedor do Prémio Strega foi feito na quinta-feira à noite, durante uma cerimónia realizada no Museu Nacional Etrusco de Villa Giulia, em Roma.
No ano passado, o romance vencedor foi “A idade frágil”, de Donatella Di Pietrantonio, que foi entretanto publicado em Portugal pela ASA.
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