A reforma do Estado e o combate à burocracia foi mum dos pontos centrais do discurso de Luís Montenegro no evento "Conversas com Fomento", promovido pelo Banco Português de Fomento, esta sexta-feira, em que foram anunciadas novas linhas de financiamento à economia portuguesa. "Eu pus o meu capital político neste projeto de reforma do Estado. Eu atravessei-me como nunca ninguém fez até hoje, nunca nenhum primeiro-ministro fez relativamente a uma reforma da administração política, mas fi-lo por convicção absoluta", afirmou perante uma plateia de mais de 1000 empresários.

"Nós não estamos no Governo para deixar tudo como encontramos. Estamos no Governo para transformar o país. Ou pelo menos para tentar. Nós vamos mesmo tentar e vamos conseguir transformar a Administração Pública. Podemos não fazer tudo, e podemos não fazer tudo em quatro anos, mas vamos mesmo fazer a reforma do Estado", garantiu Luís Montenegro sendo aplaudido pela plateia.

Apelando aos empresários e às empresas para que "ajudem" na guerra à burocracia, o primeiro-ministro sublinhou também que "menos burocracia não significa chico-espertismo" e que com a simplifcação de processos virá também uma maior exigência e penalização para quem infrinja as regras.

Retomando o discurso do ministro da Economia e da Coesão territorial, que tinha estado em palco minutos antes, Montenegro apontou como exemplo de burocracia que atrapalha as empresas e os cidadãos o pedido de documentos que já estão na posse da administração pública. "É este tipo de coisas que queremos acabar, o Estado não pode pedir às pessoas e às empresas aquilo que já está na sua posse".

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"Como eu digo muitas vezes, um cidadão ou uma empresa, quando fala com o ministro da Economia ou quando fala com o ministro da Saúde ou com o ministro dos Negócios Estrangeiros, fala sempre com a mesma pessoa. O cidadão ou a empresa fala com o Estado. Não pode pensar que sempre que fala com cada um deles tem que levar o mesmo papel. Ou tem que pedir três papéis para entregar a cada um deles. Este tipo de relação tem de alterar-se. Nós perdemos muito tempo e perdemos muito dinheiro com estas coisas. Vamos ter que ter coragem de mudar a filosofia dentro das nossas portas".

"Nós estamos a falar de uma reforma que eu sei é de elevado risco. Quase me apetece, não é propriamente fazer uma piada, mas aproveitar este ambiente para vos dizer que eu assumi uma certa vertente empresarial, porque assumir a tomada de posse é um risco equivalente àquela que um empreendedor ou um empresário assume quando põe o seu capital num projeto empresarial".

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Sobre a evolução da economia, Luís Montenegro sublinhou a ideia de Portugal como um país seguro. "Não nos assustam as incertezas que se vivem na Europa e no mundo. Não estamos afastados desses problemas. Pelo contrário, estamos nos fóruns internacionais, na União Europeia, na NATO, nas Nações Unidas, em poder usar o nosso contributo para ultrapassar os conflitos geopolíticos. Mas esta circunstância não deve desviar-nos de uma outra, que é estarmos conscientes, das possibilidades e do potencial que, enquanto país, temos (...) Portugal é um país seguro e a segurança é também um ativo económico que impacta na competitividade da nossa economia".