A empresa turca Baykar, fabricante do célebre drone Bayraktar TB2, concluiu recentemente a integração do míssil miniaturizado Kemankes 1 na sua frota de veículos aéreos não tripulados (VANTs) de combate, avançou o El Confidencial.

Esta nova arma, equipada com um sistema de visão artificial assistido por inteligência artificial, é capaz de detectar, seguir e destruir drones inimigos de forma totalmente autónoma. Uma solução particularmente valiosa para a Ucrânia, actualmente sob ataques constantes de drones lançados pelas forças russas contra alvos civis.

O teste final decorreu a 28 de Junho, num Bayraktar Akinci, e confirmou o desempenho esperado do projéctil. Com esta inovação, os modelos TB2, TB3 e Akinci passam a contar com capacidade de intercepção aérea sem necessidade de apoio externo, acrescentando funções de defesa às suas habituais missões ofensivas.

O que é o Kemankes 1?

O Kemankes 1 é um míssil de cruzeiro em miniatura, com 1,73 metros de comprimento, 1,14 metros de envergadura e um peso entre 30 e 40 kg, semelhante ao de uma mala de viagem grande.

Utiliza um turborreactor que lhe permite voar a uma velocidade de cerca de 300 km/h e atingir até (aproximadamente 740 km/h em mergulho. Opera até aos 18.000 pés de altitude, o que permite o seu lançamento sem comprometer a direção.

A autonomia do míssil ronda os 30 minutos de voo, com um raio de acção eficaz superior a 150 quilómetros. Nos testes realizados em junho, alguns mísseis ultrapassaram os 200 km. Durante esse tempo, o míssil mantém ligação de dados com o drone lançador, transmite vídeo em directo e utiliza contramedidas para reduzir a assinatura electrónica, dificultando a interferência adversária.

A sua grande mais-valia, no entanto, reside no sistema de guiamento óptico com assistência por Inteligência Artificial: um piloto automático baseado em redes neuronais, associado a um sensor electro-óptico estabilizado em dois eixos, com zoom até 36x. Este sistema reconhece alvos com base em padrões visuais e térmicos, e consegue redireccionar o voo de forma autónoma mesmo sob interferência electrónica, GPS degradado, fumo denso ou más condições atmosféricas.

De acordo com a Baykar, o Kemankes 1 é a resposta ideal contra ataques em grupo.

Produção turco-ucraniana em expansão

A Ucrânia já demonstrou interesse em utilizar o Bayraktar TB2 como plataforma de defesa aérea contra os ataques de drones russos. Com 12 metros de envergadura, seis metros de comprimento e capacidade para transportar até 150 kg de carga útil, o TB2 desempenhou um papel fundamental nos primeiros meses da invasão russa, ao atingir alvos como comboios e embarcações.

Apesar da melhoria das defesas antiaéreas russas, que resulta nuam menor visibilidade do campo aéreo, o TB2 mantém-se operacional. A 24 de junho, um vídeo divulgado pela Marinha Ucraniana mostrou um destes drones a destruir uma embarcação russa em Kherson.

Com o Kemankes 1, a versatilidade operacional dos drones Bayraktar aumenta consideravelmente. O TB2 poderá transportar vários mísseis e, numa única missão, patrulhar o terreno e abater alvos aéreos. O TB3, com capacidade para 280 kg, poderá transportar ainda mais armamento, e o Akinci, com uma impressionante capacidade de carga de 1.350 kg, permitirá executar operações coordenadas contra múltiplos alvos.

Comparado com outras munições russas ou israelitas, o Kemankes 1 apresenta maior alcance e um custo inferior. Ainda assim, a sua eficácia contra aeronaves mais rápidas e manobráveis carece de validação em combate real.

A Baykar planeia concluir, nos próximos dois anos, a construção de uma unidade de produção em território ucraniano, onde serão fabricados tanto o drone Akinci como o caça não tripulado Kizilelma, com motores desenvolvidos localmente, refere o jornal espanhol.

Embora seja provável que os primeiros lotes do Kemankes 1 sejam enviados para a Ucrânia, permanece incerto se a produção avançará a tempo de equipar os drones ainda operacionais ao serviço de Kiev.