Em comunicado, o IPT indica que o projeto criado em meio académico, em parceria com várias entidades, visa a “determinação do risco de exposição e gestão de ativos da Proteção Civil em incêndios florestais” através da “análise remota do teor de humidade dos combustíveis florestais”.

Para este efeito, será instalada uma rede de equipamentos de recolha de dados, 24 horas por dia, em zonas com maior risco de incêndios florestais, de norte a sul de Portugal, nomeadamente no Médio Tejo, Pinhal Interior, Beira e Serra da Estrela, Cávado, Coimbra e Algarve, indicou Eugénio Almeida, um dos coordenadores do projeto.

“Os dados adquiridos no âmbito deste projeto, que vão ser transmitidos em tempo real de 10 em 10 minutos, permite ter informação muito apurada sobre esses valores e do risco de incêndio de um conjunto de regiões que foram previamente selecionadas, caso concreto do Médio Tejo, que vai ser a zona piloto das estações de medição”, com o início da fase operacional previsto para 01 de setembro.

O projeto aprovado, no valor de 250 mil euros, é válido para três anos, prevendo-se a sua conclusão em 2028, com a implementação do “FMC-Fire” a ser dividida por três etapas, a primeira das quais com a instalação de equipamentos, seguindo-se uma segunda fase de aquisição de dados e, na fase operacional, com a disponibilização desses dados para o público, nomeadamente proteção civil, municípios, empresas, e através do site oficial do IPT.

“A partir dos dados recolhidos serão desenvolvidos modelos de Inteligência Artificial (IA) com vista à predição de tendências de comportamentos no que diz respeito ao risco de incêndios florestais e à gestão racional dos ativos da proteção civil, nas regiões em estudo”, disse Eugénio Almeida à agência Lusa.

A estação, explicou, é um equipamento que está “instalado a um metro do chão com um conjunto de sensores que vão medir a variação de humidade” ao longo do dia, “com processamento automático e de algoritmos que permite saber em tempo real quais são os valores que irão entrar depois para os cálculos do índice de incêndio”.

Segundo o responsável, neste momento estão estações instaladas em Mação, Ferreira de Zêzere e em Praia do Ribatejo (Vila Nova da Barquinha) e em Oleiros e em Castanheira de Pera, sendo as “cinco estações de referência que estão a servir de teste para o projeto”.

“Aquilo que nós estamos a adicionar à proteção civil é mais uma ferramenta, um instrumento de trabalho para ajudar a decisão”, sustentou.

Em declarações à Lusa, o comandante do Sub-comando Regional do Médio Tejo, David Lobato, disse que esta é “mais uma ferramenta extremamente importante” para a “previsão diária daquilo que é o teor de humidade dos combustíveis finos e médios” e para a tomada de decisão, aliado a outros instrumentos de apoio, como as estações meteorológicas, de monitorização do vento e outras.

“Isto é aproveitar aquilo que é a academia, o conhecimento dos politécnicos e das universidades, e juntar com a componente operacional para apoio à previsão do comportamento dos incêndios rurais e à tomada de decisão”, destacou.

O projeto “FMC-Fire”, que prevê a instalação de 25 estações de mediação de norte a sul do país, é financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa temático Inovação e Transição Digital (COMPETE 2030) do Portugal 2030.

 O projeto é coordenado pelo IPT, em parceria com a Universidade do Minho e os Institutos Politécnicos de Coimbra e da Guarda, em colaboração, na área da Proteção Civil, com o Comando Sub-Regional de Proteção Civil do Médio Tejo.