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O Bloco de Esquerda (BE) questionou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, se tem conhecimento da “súbita intensificação” do recurso à Base Aérea das Lajes, no arquipélago dos Açores, pela Força Aérea norte-americana, ou se recebeu alguma explicação, foi hoje divulgado.

Numa pergunta entregue na sexta-feira na Assembleia da República e divulgada pelo partido hoje, a coordenadora nacional e deputada única do BE, Mariana Mortágua, refere a presença de mais de uma dezena de aviões reabastecedores da Força Aérea norte-americana na Base Aérea das Lajes, utilizada militarmente pelos Estados Unidos da América (EUA) no âmbito de um acordo de cooperação.

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“Contactadas pela agência de notícias portuguesa, fontes do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América não esclarecem se a presença destas aeronaves está relacionada com a situação no Médio Oriente, limitando-se a referir que ‘o Comando Europeu dos EUA acolhe habitualmente aviões militares (e pessoal) dos EUA em regime transitório, em conformidade com acordos de acesso a bases e sobrevoo com aliados e parceiros’”, é referido na pergunta.

Mortágua salienta ainda que outras notícias e declarações públicas de responsáveis do Governo norte-americano, “incluindo do secretário de Estado, Marco Rubio, referem abertamente o apoio de forças militares norte-americanas à execução das operações de agressão ao Irão iniciadas pelo Estado de Israel no passado dia 13 de junho, em flagrante violação do Direito Internacional e logo condenadas por grande parte da comunidade internacional, bem como pelo secretário-geral da ONU, António Guterres”.

A deputada única do BE pretende saber se o Governo português tem conhecimento “desta súbita intensificação do recurso à Base das Lajes por parte da Força Aérea dos Estados Unidos da América” ou se recebeu alguma explicação sobre estas movimentações.

O partido quer ainda saber se o Governo está disposto a “vedar as infraestruturas e os espaços marítimo e aéreo nacionais a qualquer navio ou aeronave, incluindo da Marinha e da Força Aérea dos EUA, envolvido em missões no quadro da agressão ilegal ao Irão”.

Também o PCP exigiu hoje ao Governo português um “pronto e urgente esclarecimento” sobre a utilização da Base Aérea das Lajes, nos Açores, pela Força Aérea norte-americana, rejeitando a sua eventual utilização “na escalada de agressão contra o Irão”.

“As notícias sobre a presença de aviões das forças armadas norte-americanas na Terceira, na região autónoma dos Açores, exigem um pronto e urgente esclarecimento por parte do Governo PSD/CDS”, lê-se num comunicado dos comunistas enviado às redações.

Em causa está a presença de mais de uma dezena de aviões reabastecedores da Força Aérea norte-americana na Base Aérea das Lajes, utilizada militarmente pelos Estados Unidos da América no âmbito de um acordo de cooperação e cujo motivo ainda não foi totalmente esclarecido.

“O PCP condena a eventual utilização da Base das Lajes pelos EUA para a escalada de agressão ao Irão e alerta contra o envolvimento de Portugal nesta agressão face à política do Governo PSD/CDS de alinhamento e submissão ao imperialismo”, é criticado no documento.

Os comunistas acrescentam que esta base “tem funcionado como um autêntico 'porta-aviões' a meio do Atlântico para as ações belicistas dos EUA – nomeadamente na Guerra do Golfo (1990), na invasão do Afeganistão (2001) ou na invasão do Iraque (2003)”, reafirmando a sua oposição “à existência de bases militares estrangeiras em Portugal e à utilização de território português para ações de ingerência e agressão contra outros povos”.

O partido liderado por Paulo Raimundo considera “da maior gravidade que o Governo do PSD/CDS em lugar de, de acordo com a Constituição da República Portuguesa, pugnar por uma política de paz e de solução política dos conflitos, se alinhe com as forças do militarismo e da guerra”.

“Em contraponto aos que animam e apostam na escalada militarista, o PCP sublinha a importância de se prosseguir e ampliar a luta em prol da soberania e independência nacionais e pela Paz, assim como a solidariedade com os povos vítimas das agressões do imperialismo”, termina o comunicado.

Hoje, também o PS pediu esclarecimentos ao Governo sobre esta situação.

“Aquilo que o PS quer saber, é se o Governo português tem conhecimento desse movimento, se foi notificado pelas autoridades americanas desse mesmo movimento, e se tenciona, como foi sempre da praxe, dar conhecimento quer aos maiores partidos políticos, a nível nacional, naturalmente, quer à própria população sobre a razão e a causa deste mesmo movimento”, sustentou Francisco César, deputado e líder do PS/Açores, em declarações à agência Lusa.

Francisco César disse ter conhecimento de 18 aeronaves deste tipo no arquipélago, 12 estacionadas naquela infraestrutura e mais seis em permanência no ar, cuja presença “é conhecida por toda a população” devido ao movimento constante.

Na sexta-feira, a Lusa constatou no local 12 aeronaves de reabastecimento aéreo naquela infraestrutura.

Questionada sobre a presença destas aeronaves nas Lajes, fonte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA) disse apenas que “o Comando Europeu dos EUA acolhe habitualmente aviões militares (e pessoal) dos EUA em regime transitório, em conformidade com acordos de acesso a bases e sobrevoo com aliados e parceiros”.

“Para além disso, não temos mais nada a partilhar”, acrescentou.

A Lusa perguntou se era habitual a presença deste número de aeronaves nas Lajes e se estava relacionado com a situação no Médio Oriente.

Questionou também se estava previsto um aumento de movimento de aeronaves militares na base das Lajes.

Na quarta-feira, a Lusa já tinha questionado o Departamento de Defesa dos EUA sobre um possível reforço da atividade militar nas Lajes, devido à situação no Médio Oriente, mas foi dito apenas que naquele dia não havia alterações a anunciar.

*Com Lusa